Ex-governadores reclamam de lentidão no Senado; W.D é destaque

Acostumados com a agilidade do Executivo, a bancada de ex-governadores que acaba de assumir mandato de senador se queixa de não ter o que fazer na Casa e tenta emplacar mudanças no regimento que tornem o trabalho no Senado mais ágil. 

A maioria se diz estarrecida com o ritmo de trabalho, que muitas vezes se resume a horas de debates no plenário e nas comissões. 

"Quem vem do Executivo sente o freio. É como trocar um jato por um jegue", diz Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí, para quem a Casa pode ser "o melhor lugar do mundo para não quer fazer nada".

Com críticas em comum, a bancada de oito ex-governadores que acabaram de trocar o Executivo pelo Legislativo decidiu propor ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), medidas para acelerar as votações.

Uma das propostas é que o Senado tenha uma junta de conciliação para intermediar liberação de verbas a obras paralisadas por falta de recursos federais.

Também propõem uma subcomissão para discutir o tratamento a dependentes químicos, um problema que atinge vários Estados.

"Minha sensação é que eu estava num bólido de Fórmula 1 a 300 km/h que de repente freou", resumiu o senador Eduardo Braga (PMDB), que governou o Amazonas.

Depois de quatro anos como prefeito, oito como governador e um tempo no setor privado, o senador Jorge Viana (PT-AC) classificou o Senado como "chocante".

"São reuniões que decidem pouco, um número excessivo de conversas para se tomar uma decisão. Se perde o senso de praticidade. É um choque violento."

Para Viana, o Senado não pode se limitar a propor alterações na Constituição.

"O mundo aqui é totalmente desencontrado com a vida do país, que está numa dinâmica diferente, tomando decisões, ousando. O parlamento precisa se encontrar com essa nova agenda e não ficar num rito de repetição permanente", diz o petista.

Ex-governador de Mato Grosso e dono de uma fortuna de R$ 143 milhões, o senador de primeiro mandato Blairo Maggi (PR) também diz ter se decepcionado.

"Estou aborrecido com a lentidão daqui. Os discursos no plenário são para mandar recado ao eleitor, não tem discussão de país." 

Ele disse à Folha que esta será sua última experiência na política. Depois do mandato, vai voltar ao mundo empresarial.

Para o senador Ivo Cassol (PP), ex-governador de Rondônia, a dinâmica do Senado explica a má fama da Casa.

"Os senadores acabam mal falados. Queremos ver como contribuir para aprovar projetos na mesma velocidade que se aprovou o aumento de salário de deputados e senadores no ano passado", disse ele, numa referência à votação concluída em apenas cinco minutos.

Fonte: Folha