Mallu Magalhães lança cd produzido por Marcelo Camelo

Mallu Magalhães e Marcelo Camelo se casaram há cerca de um ano. Viveram inicialmente em um apartamento alugado em Pinheiros, São Paulo -terra dela. E, há dois meses, mudaram-se para o Leblon, no Rio -terra dele. Tal qual "Toque Dela", álbum que Camelo lançou no começo do ano, "Pitanga", o trabalho de Mallu que chega agora às lojas, é a transcrição desse casamento em música. Todas as canções foram escritas por Mallu sozinha, como é hábito dela. Mas já sob a nova realidade, em que Camelo é presença inseparável. O marido é o produtor do disco. E, conversando sobre as diferenças entre produzir-se e produzir a mulher, ele fala em fertilidade. É como plantar uma árvore no deserto do Saara (o dele) ou na floresta amazônica (a dela). Em agosto, Mallu completou 19 anos, quase quatro de carreira. Três CDs e um DVD. Para "Pitanga", ela tinha 44 músicas novas e, a cada sessão de estúdio, chegava com mais uma ou duas, feitas na virada daquela noite. As letras em inglês que dominavam o primeiro álbum e representavam 50% do segundo agora são minoria. E mesmo essas ganharam estrofes, versos ou ao menos uma palavra em português. 

Karime Xavier/Folhapress

Mallu Magalhães, que lança o disco "Pitanga"

 

Para Camelo, elas entraram para deixar "Pitanga" mais "pra cima". Mallu tende a compor temas mais animados em inglês. Para ela, assumir na música o idioma em que fala na vida tem significados mais profundos. "Quando comecei a tocar, eu era uma criança. Havia um descompasso entre meu corpo e a cabeça e o coração", diz. "É como se eu já fosse uma mulher e não tivesse assumido isso. Escrevia em inglês coisas que não tinha coragem de dizer. Agora, não tenho mais nada a esconder." Isso possibilitou, por exemplo, que ela cantasse versos como "Quero virar sua pele/ Quero tirar sua roupa". Foi também o descompasso entre a menina e a mulher -que namorava o homem 14 anos mais velho- que causou os maiores problemas de, digamos, "comunicação" entre artista e público. Primeiro, Mallu era a "menina prodígio", "fofa", "que sabia cantar um Bob Dylan que nem gente grande" -e todo mundo entrou na dela. Num segundo momento, a menina mostrou que não era nem queria ser nada daquilo. Tinha suas próprias angústias e sombras -e ninguém queria ver angústia em uma menina tão novinha. Perdeu muitos fãs da primeira hora, segundo ela, "pelo velho problema que a gente tem de negar e rejeitar o que é diferente da gente". Agora, no terceiro round, parece ter chegado a hora de colocar as coisas no lugar. "Quando se encontra uma pessoa e se sente completo, não precisa mais corresponder a expectativas de família, de público. Esse amadurecimento é minha bandeira." Até que a morte os separe. Fonte: Folha Online