Polícia investiga se cinegrafista foi morto por um dos presos

A Polícia Civil faz diligências na Favela de Antares, na Zona Oeste do Rio, nesta segunda-feira (7) em busca do autor do disparo que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes Gelson Domingos da Silva no domingo (6). Gelson fazia cobertura jornalística na comunidade, durante uma operação policial, quando foi atingido no tórax. Segundo o delegado da Divisão de Homicídio, Felipe Ettore, o disparo que atingiu Gelson foi transfixante, o que significa que a bala não permaneceu no corpo da vítima.“Todas as investigações estão voltadas para identificar o autor dos disparos. Estamos checando se foi um dos presos, ou um dos mortos. Todas as informações estão sendo checadas. O laudo cadavérico está pronto, e o disparo foi transfixante e por conta disso não temos como fazer a balística”, afirmou Ettore. “Agora diversas diligências estão sendo realizadas”, completou.Foto: Thamine Leta/G1Ainda nesta segunda, o delegado apresentou na Divisão de Homicídio oito dos nove presos durante a operação. Um dos presos era menor e não foi apresentado. No domingo (7), a operação terminou com nove presos e cinco mortos. Segundo o delegado, entre os presos estão o gerente do tráfico e um suspeito de ser seu braço direito.De acordo com Ettore, com os suspeitos foram apreendidos um fuzil, duas pistolas, munições, carregadores, além de drogas. Os presos vão responder por tráfico de drogas e associação ao tráfico. Três deles ainda responderão por porte ilegal de armas.“As pessoas que são relevantes para a investigação serão ouvidas. As imagens que o cinegrafista fez também são fundamentais”, afirmou Ettore. Segundo o delegado, as imagens feitas por Gelson podem ajudar na identificação do assassino. VelórioO corpo de Gelson Domingos da Silva está sendo velado no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária. O enterro do cinegrafista está previsto para as 14h, no mesmo local."Está todo mundo triste. Meu irmão era muito querido", disse o irmão da vítima, Paulo Domingos.Familiares, amigos e colegas de profissão fizeram uma oração em homenagem a Gelson Domingos durante o velório. O companheiro de trabalho, que acompanhava o cinegrafista na cobertura, lembrou que no domingo Gelson estava mais calado, diferente do que era de costume, e rezava baixinho o tempo todo em que seguiam o comboio da polícia. "Parece que estava pressentindo algo", contou. "Ainda é muito difícil acreditar que isso aconteceu", disse Ernani Alves, bastante emocionado."Todo mundo está sofrendo muito com a família, os amigos, companheiros de trabalho na Bandeirantes, TV Brasil. O que nos cabe é rezar e orar com a família nesse momento tão difícil para todos nós", disse o vice-presidente do Grupo Bandeirantes, Frederico Nogueira."É um baque. Em quase 30 anos de profissão nunca enterrei um amigo morto no front. A cobertura jornalística no Rio é muito dura, muito pesada. É uma dor que não tem tamanho. Nunca pensei em estar desse lado da notícia. Era uma tragédia anunciada, algum de nós ia cair. A gente não sabe quem será o próximo. A gente não sabe como vai ser o amanhã. Será que temos que dar um passo à frente ou recuar? O Gelson era um profissional superexperiente, detalhista, apaixonado pelo que fazia, brincalhão e doce", disse, emocionada, a jornalista Deise Marçal, que trabalhava com Gelson havia 4 anos na TV Brasil.Fonte: G1