Traficante Nem tinha R$ 180 mil em dinheiro quando foi preso

O traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, apontado como chefe do tráfico na favela da Rocinha, portava cerca de R$ 180 mil no momento em que foi preso, na madrugada desta quinta-feira. O dinheiro estava divido em notas de real (59.900) e de euro (50.500 ou R$ 120 mil).Ele estava no porta-malas de um Toyota Corolla, que foi parado pela polícia na altura do clube Piraquê, na Lagoa, a poucos quilômetros da favela.Segundo os policiais que participaram da prisão, eles suspeitaram do veículo porque a suspensão estava baixa --indicando alguma carga no porta-malas.Além do Nem, foram presos dois advogados, um motorista e homem que se identificou como cônsul honorário da República Democrática do Congo.Segundo a polícia, o homem alegou imunidade diplomática para não permitir que o carro fosse revistado. Diante dessa afirmação, os policiais do Batalhão de Choque decidiram escoltar o veículo até a Polícia Federal.No trajeto, os detidos teriam oferecido suborno aos PMs, que deram voz de prisão ao grupo. Segundo um policial que participou da operação, a oferta de suborno chegou a R$ 1 milhão.A PF diz que entrou com contato com o Ministério das Relações Exteriores para verificar a identidade do suposto cônsul. A Embaixada do Congo em Brasília disse desconhecer qualquer relação entre o homem e o traficante, mas que ainda que aguarda dados da Polícia Federal para se manifestar oficialmente.ESCOLTANem foi preso poucas horas depois de a Polícia Federal ter detido o seu braço-direito, conhecido como Coelho, e outros quatro traficantes, juntamente com três policiais civis e dois ex-policiais militares que faziam a sua escolta.A PF diz que intensificou operações de inteligência ao saber que a Rocinha seria ocupada, e que recebeu informação de que haveria fugas.Os policiais detidos entraram na favela em quatro veículos e deixaram o morro pela saída da rua Marquês de São Vicente, na Gávea.Além das prisões, a PF apreendeu cinco granadas, 11 pistolas, três fuzis, carregadores, munição e uma quantidade não especificada de dinheiro em reais e euros.As fugas foram motivadas pelo plano do governo do Estado de ocupar a favela nos próximos dias, no primeiro passo para a instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), a 19ª da cidade.A Rocinha é uma das maiores favelas do Rio e sua pacificação é considerada chave para a política de segurança da gestão Sérgio Cabral (PMDB).CHEFE DO TRÁFICOSegundo investigação da Polícia Civil, por causa da iminente ocupação policial, o traficante Nem havia decretado desde a semana passada um toque de recolher para comerciantes e moradores. O traficante também teria limitado a circulação de motociclistas.Apontado como um dos líderes da facção criminosa ADA (Amigos dos Amigos), o traficante Nem controla a Rocinha desde novembro de 2005 e possui nove mandados de prisão contra ele.Uma investigação da Polícia Civil confirmou que Nem recebeu atendimento médico na manhã de segunda-feira (7) na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) da Rocinha.Na ocasião, o traficante teria ido à UPA acompanhado de seguranças armados com fuzis. A Secretaria Municipal de Saúde, responsável pela unidade, não confirma o atendimento ao criminoso, mas também não nega o fato.Uma das informações recebidas pela Polícia Civil é de que Nem teria procurado atendimento porque teria tido uma convulsão após misturar álcool com ecstasy durante uma festa realizada na Rocinha entre a noite de domingo (6) e a madrugada de segunda-feira. Fonte: Folha