Promotora denuncia outras construções irregulares no Poti

Após a ação civil pública impetrada pela promotora Maria Carmem Cavalcanti exigindo a demolição da obra da Potycabana, ela denuncia que outras construções foram erguidas irregularmente. Ela cita a Fazendinha e até mesmo as avenidas Cajuína, Marechal Castelo Branco e Raul Lopes.

Promotora Carmen Cavalcanti

A respeito da Fazendinha, a promotora afirma que a casa não poderia estar tão próxima do rio. As avenidas, segundo ela, deveriam ter sido construídas a uma distância de pelo menos 100 metros do leito do rio."Toda aquela região que fica próxima ao rio Poti era de lagoas, que reservavam a água da chuva e evitavam as enchentes. Com a ação do homem tudo isso mudou e é por isso que ocorrem essas tragédias", declara a promotora.O Ministério Público Estadual entrou com ação contra o ex-secretário Paulo Silva por suposto desvio de verba que seria destinada a instalação de um parque ambiental quando da construção da avenida Cajuína."Essa verba foi desviada. O caso foi para a Justiça e agora está no TCE", afirma Maria Carmem.Além das obras públicas, há outras construções particulares, como a Fazendinha, ocupações irregulares e a atividade de lavadores de carro, que poluem o rio.PotycabanaSegundo a promotora, a construção do parque, na década de 90, só aconteceu porque o Ministério Público funcionava precariamente e a questão ambiental não estava em pauta. "Naquela época, a promotoria funcionava numa garagem do antigo prédio do MP. E se em outros estados o debate sobre o meio ambiente ainda estava começando imagine no Piauí", reclama.

Maria Carmem diz ainda que a área da Pòtycaba sequer é do Estado, e sim da União. E uma outra parte partece a particular. Por isso, o caso foi parar na 3ª Vara Federal.

"Estamos há 10 meses falando para o secretário de Infraestrutura [Castro Neto] que o projeto é equivocado. Mas o governador vai querer jogar o Ministério Público contra a população quando o que na verdade queremos é justamente defender o interesse público", diz.

Ela cita como exemplo o desmoronamento da margem ao lado da Potycabana que, segundo ela, foi causado pela impermeabilidade do solo. "Segundo a lei, o projeto só pode ter 5% de área impermeável e 15% destinada a jardinagem com plantas exóticas. Os outros 80% têm de ser de espécies nativas. A lei determina que toda a margem urbana do rio seja assim. Seria possível fazer trilhas, arborismo e muitas outras atividades. O que não pode é ter um palco nem gradeamento, como no projeto atual. E o projeto atual terá 70% do solo impermeabilizado e só permitirá o uso do parque a noite, já que ninguém vai aguentar o calor durante o dia", declara.

Carmem justifica que só entrou com ação na última quinta porque antes o governo não tinha verba para fazer intervenção no local.

 "Se eles querem construir quadras e pistas de skate, porque não fazem em outras praças? Há tantas abandonadas", finaliza.GovernoO secretário de Infraestrutura, Castro Neto, informa que a obra da Potycabana trata-se de uma reforma e que a função original do parque era ser um dique de contenção das águas do Poti.

 Segundo ele, a intervenção na região será positiva. "O Estado ainda não foi notificado sobre esta ação do MP. A obra está legalizada e não há motivo para interromper. Até porque é uma prioridade do governo e da Seinfra. A população nos cobra diariamente que a Potycabana volte a ser utilizada e Teresina merece um parque no coração da cidade", declara.

Castro Neto mostra antiga foto da área da Potycabana  Castro Neto diz que a obra custará R$ 5,5 milhões, os recursos já estão assegurados e a obra está em andamento.

"Estaremos dobrando a área verde da Potycabana ao plantarmos coqueiros, mangueiras, ipês e carnaúbas. A Potycabana, na verdade, era um dique de contenção para impedir que as águas do Poti invadissem aquela região e foi criado pelo Alberto Silva em forma de clube de lazer para a população", afirma.

Flash de Carlos Lustosa FilhoRedação de Leilane Nunesredacao@cidadeverde.com