"Gautama não tinha engenheiro e era de papel", diz ministra

A ministra Eliana Calmon, relatora do caso que investiga a Gautama, informou que a empreiteira não tinha sequer engenheiro para fiscalizar as obras e declarou: "Era uma empresa de papel". O Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitou ontem (15) denúncia do Ministério Público Federal contra o dono da construtora Gautama, Zuleido Veras. Ele responderá pelos crimes de peculato, corrupção ativa e formação de quadrilha.A denúncia é resultado da Operação Navalha, iniciada em 2004 e deflagrada pela Polícia Federal em 2007. A PF investigou supostos desvios de verbas públicas pela empreiteira Gautama. No governo de Wellington Dias (PT), a Gautama era responsável por boa parte das obras do Estado, inclusive pelas obras do Luz Para Todos. Com as denúncias, o Governo do Estado a incluiu na "lista suja", ou seja, a empresa está proibida de assinar contrato com as secretarias estaduais. Gautama foi apontada pela Polícia Federal na “Operação Navalha” como a principal beneficiada do esquema de fraude em licitações de obras públicas.Além do empresário Zuleido Veras, entre os réus do processo estão o ex-governador de Sergipe e atual prefeito de Aracaju, João Alves Filho (DEM); o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de Sergipe, Flávio Conceição de Oliveira Neto, hoje afastado do tribunal; e o ex-deputado federal José Ivan de Carvalho Paixão.Prisão do dono da GautamaA ministra levou em conta provas colhidas pela Polícia Federal, como escutas telefônicas e documentos apreendidos nas empresas e nas residências dos acusados, e um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) que aponta várias irregularidades no processo de licitação em que a Gautama foi contratada pela Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) para executar as obras de sistema de adutora no Rio São Francisco.O voto da relatora foi acompanhado pelos outros ministros. "Há indícios muito sólidos, mais do que suficientes para o recebimento da denúncia", declarou o ministro Herman Benjamin. Jordana CuryCom informações da Agência Brasil e do Boljordanacury@cidadeverde.com