Viúva revela que marido reclamava por falta de estrutura em avião

A esposa do estudante do curso de piloto de aeronaves Marcus Escórcio, vítima de acidente registrado nesta segunda-feira no aeroporto de Teresina, revelou que as condições do avião modelo Cessna 172, utilizado na aula prática causava desconfiança entre os alunos.Fotos: Evelin Santos/Cidadeverde.comDulce Escórcio, viúva de Marcus.“O avião apresentava problemas no aparelho de horizonte artificial [peça utilizada para orientar o piloto em vôos noturnos] e não tinha bússola. Para realizar aquele vôo eles tiveram que utilizar um aparelho de GPS”, explica Dulce Escórcio.Por volta das 18h20 de ontem o avião caiu na proximidade de uma das cabeceiras da pista de pouso e decolagem do aeroporto Petrônio Portela. Quatro pessoas estavam na aeronave e morreram: o professor/instrutor e três alunos.Destroços da aeronave.“Nesta terça-feira ele faria o último vôo dele como aluno e poderia atuar como piloto de aeronaves. Ele estava muito empolgado. Seria um vôo solo. Ele ia até fazer uma festa com familiares e amigos”, conta a viúva.De acordo com Dulce, o vôo desta segunda-feira seria apenas para treinar pouso e arremetidas. Marcus Escórcio era professor de Física em um colégio particular de Teresina e tinha o sonho de ser piloto de avião.Marcus Escórcio.“Nesse momento só sentimos muita dor. Não tem nem como descrever. Só posso dizer que a família espera respostas. Entendo, no entanto, que foi uma tragédia, foi o inevitável. Um acidente desses é difícil de acontecer”, opina a esposa da vítima.Os corpos das quatro vítimas ainda se encontram no Instituto de Medicina Legal (IML). As famílias estão na porta do prédio aguardando a liberação para realizar velório e enterro. Os piauienses devem ser enterrados em Teresina ainda nesta terça-feira. A família do piloto/instrutor Rodrigo Viana está se deslocando do Estado de Minas Gerais para o Piauí para providenciar a liberação do corpo.O aeroporto da capital do Estado opera dentro da normalidade desde o registro do acidente. Como a queda não foi registrada na pista de pouso, os voos prosseguem partindo e chegando no terminal. Modelo de Cessna 172.Um técnico de Pernambuco, do Serviço de Prevenção a Acidentes Aeroportuários, deve chegar a Teresina ainda nesta terça-feira para contribuir com as investigações e atuar para que casos semelhantes não sejam registrados.Amor pela aviaçãoMarcus era o caçula de quatro irmãos. Ele herdou a paixão por aviões do pai. De acordo com a irmã do professor, a artista plástica Sâmia Escórcio, 29 anos, voar era o sonho da vida do piauiense, mas as reclamações eram constantes sobre o avião da faculdade.  “Ele sempre comentava que o avião estava sucateado e que tinha problemas mecânicos. Ele dizia que faltavam peças. Há dois anos ele estava no mesmo avião e teve problemas em um pouso. Ele também falava que outros alunos deixaram o curso por falta de segurança”, conta.Sâmia conta que falta apenas a conclusão um dos laudos para a liberação do corpo de Marcus. Ele será velado na Pax União da avenida Miguel Rosa e o enterro será no cemitério São Judas Tadeu. “Ainda não pensamos sobre a questão de processar a faculdade. Ainda estamos muito abalados. Provavelmente depois vamos nos reunir com as famílias das outras vítimas para tratar do assunto”, explica a artista plástica. A aeronaveO avião pertencia ao Aeroclube do Estado do Ceará e era aluga por uma faculdade de Teresina para a promoção de aulas práticas do curso de Piloto de Aeronaves.Matérias relacionadas:Velórios de jovens mortos em queda de avião será nesta tardeAeronáutica envia peritos ao PI para verificar causa do acidente de aviãoFamílias precisam sair do Aeroporto por segurança, afirma InfraeroAvião cai no aeroporto e pega fogo; 4 morrem carbonizadosLívio Galeno e Geísa Chaves (especial para o Cidadeverde.com)liviogaleno@cidadeverde.com