Consumo de sal na gestação pode causar hipertensão no bebê

O consumo excessivo de iodo, encontrado no sal de cozinha, entre grávidas e lactantes, pode alterar a programação genética dos bebês causando hipertireoidismo e hipertensão quando se tornarem adultos. Por outro lado, se o consumo de sal durante a gravidez for baixo, o problema pode ser o desenvolvimento de resistência à insulina.Entre as principais fontes de iodo, que naturalmente são bastante consumidos pelas gestantes, estão os temperos e condimentos, além de alimentos como: leite, queijo, ovos e bacon. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde a dose diária recomendada para a ingestão está em torno de 6 gramas por dia, incluindo aí o sal adicionado e o contido no próprio alimento.Segundo o ginecologista Alberto Monteiro Júnior, durante a gestação, quando a mulher apresenta um excessivo aumento de peso e de volume de líquido corporal, de fato se justifica a redução da ingestão do cloreto de sódio. “As recomendações ficam em torno de 2g a 3g por dia, o que corresponde a menos de uma colher de chá, incluindo o sal dos alimentos e aquele utilizado no preparo deles. Se a mulher for hipertensa, torna-se obrigatório o controle mais rigoroso, pois a doença pode evoluir, representando um grande risco para a gestante e para o feto”, explica.A hipertensão gestacional é uma complicação clínico-obstétrica que ocorre entre 5 e 7% das grávidas brasileiras. O aumento da pressão é um mal que pode comprometer a saúde e a vida tanto da mãe quanto do bebê. Alberto Monteiro é taxativo: “Maus hábitos e alimentação desequilibrada. Aí está a origem de praticamente todos os problemas de saúde”. Para ele, ainda, o aumento da pressão durante a gestação se inclui nessa sentença.Alberto Júnior lembra que a deficiência na ingestão do iodo também pode causar um aumento da glândula tireoide e durante a gestação ocasionar danos cerebrais em crianças, porque os hormônios dessa glândula são alguns dos responsáveis pelo desenvolvimento do sistema nervoso central.“No primeiro trimestre da gestação, o feto é totalmente dependente dos hormônios tireoidianos produzidos pela mãe e qualquer alteração na síntese hormonal nessa fase pode causar consequências graves para o desenvolvimento fetal. Mas, no segundo trimestre, o bebê já tem sua própria tireoide desenvolvida, mas ainda depende do aporte de iodo da mãe, que é feito pela placenta”, disse o especialista.O ginecologista recomenda que as gestantes devam estabelecer uma dieta balanceada, já que seria impossível devido ao hábito alimentar do brasileiro abolir totalmente o sal dos alimentos, devendo lembrar das dosagens contidas nos alimentos ao natural, sendo que 1kg de sal contém 400mg de sódio.No mundo, um em cada cinco indivíduos com idade superior a 18 anos apresenta hipertensão arterial. No Brasil, entre 22% e 44% da população adulta é portadora dessa síndrome. As consequências da hipertensão crônica, que é o caso das gestantes que consomem muito iodo durante a gestação, ocasionam o surgimento, muitas vezes sem sintomas, de lesões em órgãos-alvo - angina ou infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, episódio isquêmico ou acidente vascular cerebral e complicações renais.Nos casos em que a hipertensão arterial surge apenas no curso de uma gestação, o especialista alerta “Nesses casos temos uma patologia obstétrica grave, chamada de Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG), cuja a tríade de sintomas clássicos são a hipertensão, edema e proteinúria, que pode levar a quadros convulsivos com hemorragia intracraniana, que é uma das maiores causas de óbitos maternos e fetais” finaliza.redacao@cidadeverde.com