'Não queremos uma América do Sul bolivariana', diz Bolsonaro, em Davos

Foto: Alan Santos / PR / Fotos Públicas

 

O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que o Mercosul precisa ser aperfeiçoado. Ele destacou que o Brasil está preocupado em fazer a América do Sul "grande", mas sem viés de esquerda.

Em uma curta sessão de perguntas e respostas protagonizada por Bolsonaro e o presidente do Fórum, Klaus Martin Schwab, o brasileiro destacou que vários políticos alinhados à centro-direita foram eleitos na América do Sul. E disse que esse é um sinal de que não há espaço para a esquerda na região.

"Estamos preocupados em fazer a América do Sul grande, com cada país mantendo sua soberania. Não queremos uma América do Sul bolivariana", disse Bolsonaro. "Mais partidos de centro-direita têm sido eleitos na América do Sul. Isso é sinal de que a esquerda não prevalecerá na região." 

Parceria

O presidente Jair Bolsonaro afirmou ao público presente no Fórum Econômico Mundial que o governo dele busca apoio para aumentar o bem-estar no Brasil. "Queremos fazer parcerias com os senhores para bem-estar da nossa população, queremos tirar viés ideológico dos nossos negócios e tirar o peso do Estado de cima de quem produz", destacou.

A declaração foi dada em uma curta sessão de perguntas e respostas com Klaus Martin Schwab. Instantes antes, em discurso, ele ressaltou o compromisso com a privatização e o equilíbrio das contas públicas.

Moro

O presidente da República afirmou que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, foi incumbido de criar mecanismos para combater a corrupção e a lavagem de dinheiro no Brasil. "Moro tem todos os meios para combater a corrupção e o crime organizado", afirmou o presidente, durante a curta sessão de perguntas e respostas com o presidente do Fórum Econômico Mundial.

Bolsonaro repetiu o que disse durante o processo de transição, na posse e no próprio discurso que havia feito minutos antes, em relação à formação de gabinete dele. "Nossos ministros foram indicados de forma técnica e não político-partidária", afirmou.

Ele afirmou também que a eleição dele representou "um ponto de inflexão ao povo brasileiro". "Estamos aqui porque queremos fazer parcerias com os senhores para bem-estar da nossa população", disse.

Controle de Co2

Bolsonaro defendeu novamente, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, que a preservação do meio ambiente deve estar casada com o desenvolvimento econômico. Após ter dado declarações controversas sobre a permanência do País no Acordo de Paris, o presidente disse que pretende estar "sintonizado com o mundo na busca da diminuição de Co2 e na preservação do meio ambiente".

Na curta sessão de perguntas e respostas protagonizada pelo presidente Klaus Martin Schwab, Bolsonaro disse que a agricultura ocupa menos de 9% do território nacional e a pecuária, 20%. Por outro lado, 30% do território é composto por florestas. "Então, damos exemplo para o mundo. (mas) O que pudermos aperfeiçoar, o faremos", comentou.

O presidente Jair Bolsonaro fez nesta terça-feira (22) discurso na abertura da sessão plenária do Fórum Econômico Mundial, evento que acontece em Davos, na Suíça. Leia a íntegra do discurso.

  "Boa tarde a todos! Muito obrigado, professor Schwab!

Agradeço, antes de mais nada, o convite para participar deste fórum e a oportunidade de falar a um público tão distinto. Agradeço também a honra de me dirigir aos senhores já na abertura desta sessão plenária. Esta é a primeira viagem internacional que realizo após minha eleição, prova da importância que atribuo às pautas que este fórum tem promovido e priorizado.

Esta viagem também é para mim uma grande oportunidade de mostrar para o mundo o momento único em que vivemos em meu país e para apresentar a todos o novo Brasil que estamos construindo. Nas eleições, gastando menos de 1 milhão de dólares e com 8 segundos de tempo de televisão, sendo injustamente atacado a todo tempo, conseguimos a vitória.

Assumi o Brasil em uma profunda crise ética, moral e econômica. Temos o compromisso de mudar nossa história. Pela primeira vez no Brasil um presidente montou uma equipe de ministros qualificados. Honrando o compromisso de campanha, não aceitando ingerências político-partidárias que, no passado, apenas geraram ineficiência do Estado e corrupção.

Gozamos de credibilidade para fazer as reformas de que precisamos e que o mundo espera de nós. Aqui entre nós, meu ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, o homem certo para o combate à corrupção e o combate à lavagem de dinheiro.  Vamos investir pesado na segurança para que vocês nos visitem com suas famílias, pois somos um dos primeiros países em belezas naturais, mas não estamos entre os 40 destinos turísticos mais visitados do mundo. Conheçam a nossa Amazônia, nossas praias, nossas cidades e nosso Pantanal. O Brasil é um paraíso, mas ainda é pouco conhecido!

Somos o país que mais preserva o meio ambiente. Nenhum outro país do mundo tem tantas florestas como nós. A agricultura se faz presente em apenas 9% do nosso território e cresce graças a sua tecnologia e à competência do produtor rural. Menos de 20% do nosso solo é dedicado à pecuária. Essas commodities, em grande parte, garantem superávit em nossa balança comercial e alimentam boa parte do mundo.

Nossa missão agora é avançar na compatibilização entre a preservação do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário desenvolvimento econômico, lembrando que são interdependentes e indissociáveis. Os setores que nos criticam têm, na verdade, muito o que aprender conosco. Queremos governar pelo exemplo e que o mundo restabeleça a confiança que sempre teve em nós.

Vamos diminuir a carga tributária, simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos. Trabalharemos pela estabilidade macroeconômica, respeitando os contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas. O Brasil ainda é uma economia relativamente fechada ao comércio internacional, e mudar essa condição é um dos maiores compromissos deste Governo.

Tenham certeza de que, até o final do meu mandato, nossa equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, nos colocará no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios. Nossas relações internacionais serão dinamizadas pelo ministro Ernesto Araújo, implementando uma política na qual o viés ideológico deixará de existir.

Para isso, buscaremos integrar o Brasil ao mundo, por meio da incorporação das melhores práticas internacionais, como aquelas que são adotadas e promovidas pela OCDE. Buscaremos integrar o Brasil ao mundo também por meio de uma defesa ativa da reforma da OMC, com a finalidade de eliminar práticas desleais de comércio e garantir segurança jurídica das trocas comerciais internacionais.

Vamos resgatar nossos valores e abrir nossa economia. Vamos defender a família e os verdadeiros direitos humanos; proteger o direito à vida e à propriedade privada e promover uma educação que prepare nossa juventude para os desafios da quarta revolução industrial, buscando, pelo conhecimento, reduzir a pobreza e a miséria.

Estamos aqui porque queremos, além de aprofundar nossos laços de amizade, aprofundar nossas relações comerciais. Temos a maior biodiversidade do mundo e nossas riquezas minerais são abundantes. Queremos parceiros com tecnologia para que esse casamento se traduza em progresso e desenvolvimento para todos.

Nossas ações, tenham certeza, os atrairão para grandes negócios, não só para o bem do Brasil, mas também para o de todo o mundo. Estamos de braços abertos. Quero mais que um Brasil grande, quero um mundo de paz, liberdade e democracia. Tendo como lema 'Deus acima de tudo', acredito que nossas relações trarão infindáveis progressos para todos. Muito obrigado."

Fontes: FolhaPress  eEstadão Conteúdo