O bairro Poti Velho foi o palco utilizado e os ceramistas receberam destaque. A repórter Indira Gomes, transformou em poesia a vida dos oleiros, que através do trabalho pesado produzem barro, tijolo, arte.
Confira o poema sobre o Pólo Ceramista de autoria da jornalista Indira Gomes:
A arte do Poty há muito Teresina encantaDa vida dura na olaria por aqui ninguém se espanta.Não tem dor. Não tem sofrimento,Trabalho pesado não é tormento
Há quem tire o barro da terraHá quem molde sem muita espera De braço forte e mão ligeira,Já se faz mais uma carreira
Depois da base vão aos paresSem que nenhum vá pelos aresLogo são dezessetesó o limite do braço, faz com ela que se aquiete
Trinta e quatro quilos no côcoNenhum tijolo é ocoTrinta e quatro anos de prática Garantem essa subida acrobática
Majestades da olaria,As mulheres trazem a criaDescanso de mãe no forno É carregar filho como adorno
No calor ganham resistênciaFazer tijolo têm ciênciaE do caminhão os seis milheirosVão pras lojas e pros pedreiros
A produção do barro Não é só tijolo nem jarroTem filtro, tem enfeiteTalento, que respeite
Como uma mini cidade Gira uma sociedadeNo pólo cerâmico cada um faz sua parteTodos em uma arte Seu Esmeraldo vai de carroçaLeva 300 kilos com bossaCada carrada vale cinco reaisPreparado custa bem maisAqui nesse lugarA máquina amassa sem pararO barro que entra grossoFica fininho, sem caroço
Ruim para construir Ideal para esculpirCom as bolas de barro novoÉ só entregar pro povo
Esse leva e trazMudou a vida do rapazEle já foi bem empregadoMas prefere andar carregado
Do galpão pro barracãoOnde trabalha o artesãoA argila vira araraQue surpreende a Clara
Pode até ser uma coruja Ou sapo de lambuja O bicho é tão verdadeiroQue engana o mundo inteiroO barro bom do PotyTraz gente ao PiauíE não é só turistaChega ate mais artista
Iracione era empresárioDe restaurante proprietárioMas o negócio faliu E o hobby sobressaiu
De Tianguá, no CearáVeio decidido a ficarOs antigos daquiNão precisar reagir
Ele faz bêbado, dançarinoEle faz ate meninoO macaco é engraçadoE nada é imitado.
Por ser tão diferenteNinguém é concorrente E o bairro acolhedorGanha mais um morador
Veio com mulher e filhaTrouxe logo a famíliaE aqui vai ficar Pra viver e trabalharDos senhores anfitriõesAlguns tem legiõesSeu Ribamar é pai de oitoQue criou sem ser afoito
Há mais de 40 anos ele faz filtro e poteMas se é casa ou capotePara ter cor e graçaA caçula Juliana, é a melhor da raça
Pode ser na arte do tornoOu até no calor do fornoOu mesmo usando tintaPorque quem não molda, pinta
Quem nasceu na olaria Não nega a maestriaQuem conhece esse lugar Tem que valorizar
Por amor a tradição Desse precioso chãoFomos a todos os cantinhosE criamos esses versinhos
O show da comunidadeNo aniversário da cidadeNos mostramos bem contenteDe um jeito diferente Da Redação redacao@cidadeverde.com