Demissão de Briatore deve livrar Renault de punição
15/09/09, 18:42
A situação de Flavio Briatore é muito complicada. Depois de oferecer
delação premiada a Nelsinho Piquet e Pat Symonds – o filho do
tricampeão Nelson Piquet aceitou, o dirigente ainda não –, a FIA deve
fazer um acordo com a Renault para que o italiano deixe a equipe
francesa, de acordo com informações do jornal espanhol "AS" publicadas
nesta terça-feira (15).Assim, o time gaulês não correria nenhum risco de expulsão da F1 por causa do caso Cingapura 2008 – após ser demitido, o piloto
brasileiro revelou à Federação Internacional de Automobilismo que bateu
na prova asiática no ano passado deliberadamente, a mando de Briatore e
Symonds, beneficiar Fernando Alonso, que venceu aquela corrida. A
polêmica será julgada pelo Conselho Mundial, em Paris, na próxima
segunda-feira (21).O diário também apontou quem deve ser o
substituto de Flavio. O preferido é Frederic Vasseur, chefe da ART,
equipe do campeão da GP2 em 2009, Nico Hulkenberg. O dirigente, segundo
as fontes ouvidas pela publicação, teria pedido um tempo para pensar no
convite e dar uma resposta. Outros nomes já foram especulados, como
Alain Prost e David Richards.
Luca Bruno/AP
Briatore está em maus lençóis e deve ser o único punido no escândalo de Cingapura 2008A
sequência de notícias nos últimos dias vem mostrando que a FIA,
representada por Max Mosley, quer transformar Briatore no único "vilão"
da história. O presidente da entidade vive seus últimos dias de mandato
e sua última missão parece ser acabar com a carreira do italiano na F1.Mosley
foi avisado do escândalo por Nelson Piquet em 26 de julho, dia do GP da
Hungria. Depois, garantiu imunidade a Nelsinho. Assim, quatro dias
depois do encontro entre o inglês e o tricampeão mundial, o
ex-representante da Renault deu um depoimento à FIA sobre o que
aconteceu no GP de Cingapura da temporada passada sabendo que não iria
sofrer nenhuma sanção no futuro.No depoimento, Piquet, de forma bem detalhista, confirmou o plano de Briatore e Symonds de "sacrificar" a corrida do brasileiro para que Alonso tivesse a oportunidade de vencer a prova.De
posse da acusação de Nelsinho, investigadores da agência especializada
Quest, os comissários do GP da Bélgica – Lars Osterlind e Vassilis
Despotopoulos, ambos membros do Conselho Mundial, e Yves Bacquelaine –,
Herbie Blash, observador da FIA, deram início às investigações,
entrevistando membros da Renault e Alonso. A posteriori, chamaram
Symonds.Posto na parede em 27 de agosto em Spa-Francorchamps, o
diretor da Renault foi questionado sobre a reunião e o que foi dito
nela, a batida na volta 14 e o encontro com Piquet para definir o lugar
específico do ato. Para nenhuma destas perguntas houve uma negativa,
algo que seria comum se não houvesse participação no plano.Blash
ainda comentou que a "falta de vontade" em colaborar poderia significar
uma confissão, e Symonds rebateu que "esperava isso". No dia seguinte,
Pat foi novamente convocado, e pouco acrescentou — após ter conversado
com Briatore, que havia chegado à pista belga.
Renault
Até Symonds deve deixar o italiano sozinho nessa confusãoDepois
de analisar a telemetria do carro do brasileiro e vários depoimentos,
os comissários do GP da Bélgica decidiram enviar a questão ao Conselho
Mundial. Eles não puderam questionar Piquet sobre as alegações de
Symonds de que foi o piloto quem levantou a possibilidade de uma batida
intencional, mas consideraram que a admissão do dirigente de que houve
a discussão da possibilidade é um "suporte substancial" da alegação de
Nelsinho de que a batida foi deliberada.Segundo os comissários,
a soma de vários fatores levaram a "concluir que as alegações de Piquet
são, em sua maior parte, verdadeiras". Estas questões foram a confissão
de Symonds de que conversou com o brasileiro, sua recusa em responder
nos dias 27 e 28 o que foi discutido quando ele, Nelsinho e Briatore se
encontraram antes da corrida, e, por último, sua recusa em negar que
indicou onde e em que volta o piloto deveria bater.As alegações
de Piquet e as respostas e recusas de Symonds em responder foram o que
conduziu os representantes da FIA àquela conclusão. "Parece indicar aos
comissários que poder ter havido alguma conversa na presença
de Briatore sobre a possibilidade de causar uma batida deliberada", diz
o relatório feito sobre a investigação. Apesar disso, não se declararam
prontos "para tirar qualquer conclusão definitiva em relação ao
conhecimento ou envolvimento de Flavio".Ainda assim, o
documento declara que "a reação de Briatore quando ouviu dos
comissários que seu diretor de engenharia havia admitido que discutiu
um acidente proposital com Piquet não pareceu ser de susto ou raiva" e
que a carta de Flavio a Nelson Piquet é uma "estranha reação à tal
séria alegação" de extorsão por parte do tricampeão para a manutenção
do filho na equipe.Para fechar o cerco a Briatore, a FIA
resolveu oferecer imunidade também a Symonds, desde que o dirigente
confessasse o que realmente sabe sobre as acusações de Nelsinho, de
acordo com matéria do jornal inglês "The Times". Ainda não se sabe se o
diretor de engenharia da equipe francesa aceitou o acordo.Fonte: IG