OGX de Eike deve até para loja de doces

Se a dívida de mais de R$ 11 bilhões da OGX, a petrolífera de Eike Batista, agora em recuperação judicial, agitou o mercado e foi parar nas manchetes internacionais, um de seus credores não se abalou: o chaveiro Roberto Pereira Silva, dono de uma lojinha no Centro do Rio, nem sabia que o poderoso empresário lhe devia R$ 0,50, como consta na relação de credores entregue pela empresa à Justiça para documentar o pedido de recuperação judicial.“A gente faz serviço de chaveiro para eles, deve ter sido a última nota que a gente fez”, disse ele, rindo muito de sua condição.Mas, na dúvida, foi checar seu caderninho e descobriu:“Na verdade, está em aberto aqui um valor de R$ 95,70, mas ainda está no prazo. A gente emite a nota depois eles pagam, não estão devendo ainda”, contou ele, que é dono do negócio há muitos anos, segundo disse.Roberto conta que a OGX sempre deu muito trabalho ao seu serviço de chaveiro.“Mas agora caiu muito, está bem devagar”Outra que nem sabia que constava como credora de Eike no pedido de recuperação judicial é a Cristovinho Alimentos, razão social da The Bakers, tradicional loja de doces do Rio. A dívida que consta na Justiça é modesta: R$ 249,32.“A gente fornece alimentos para coffee breaks de grandes empresas”, disse a gerente administrativa da loja, Isabel Cristina.A Associação dos Taxistas do Castelinho do Flamengo, também é credora, com uma dívida de R$ R$ 1.953. O presidente e o tesoureiro da cooperativa não estavam disponíveis para comentar a dívida.Já para a Rádio Táxi 2000, cooperativa do Rio, credora da OGX, a dívida citada na Justiça é de R$ 7.494,20, mas a cooperativa, que confirmou que atende à companhia, diz que as contas com eles estão certas e não há pendências.E a grande petroleira de Eike tem que prestar contas também à Serasa, credora de R$ 970,67, segundo a relação entregue pela própria OGX à Justiça.Há 19 anos no mercado, a Copy House Serviços Reprográficos, no Centro do Rio, é outra fornecedora da OGX listada como credora com uma dívida de R$ 1.099,65. Quantia que, segundo um dos sócios da empresa, Nikollas Ramos, é uma pequena fração da média de consumo da empresa em serviços gráficos como cartões de visita, material para treinamento e locação de impressoras.Nikollas diz que ainda tem contrato com a OGX, mas o excelente movimento iniciado em 2010 caiu 98%, recuo que o empresário começou a perceber em março. Ele lamenta a situação da empresa, hoje em recuperação judicial."Se não mandam fazer cartão de visitas é porque não estão fazendo negócios. Uma lástima, o Rio de Janeiro ainda vai sofrer muito  as consequências disso", disse.Maiores credoresOs maiores credores da OGX, segundo documento anexado ao pedido de recuperação judicial são:OSX 1 Leasing B.V., subsidiária da OSX, a empresa naval do grupo EBX, e proprietária do FPSO  OSX-1, com uma dívida de R$ 1,6 bilhão e outra de R$ 779 milhões;Diamond Offshore Netherlands B.V., dívida de R$ 91 milhões; Schlumberger Serviços de Petróleo, R$ 88, milhões;Souther Schlumberger, R$ 77 milhões;Perenco, R$ 69 milhões;Caland Boren B.V., R$ 51 milhões;OSX Serviços Operacionais, R$ 47 milhões;Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), R$ 37 milhões;Baker Hughes do Brasil LTDA, R$ 33 milhões;Bram Offshore Transportes Marítimos, R$ 31 milhões.Recuperação judicialNa quinta-feira (21), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro aceitou o pedido de recuperação judicial da OGX, segundo decisão do juiz Gilberto Clóvis Farias Matos, da 4ª Vara Empresarial do TJRJ. Em sua decisão o juiz diz que as empresas OGX Petróleo e Gás Participações S.A. e OGX Petróleo e Gás S.A. devem acrescentar a expressão "em recuperação judicial" em seu nome.As subsidiárias na Áustria e na Holanda, no entanto, não tiveram o pedido de recuperação aceito por não terem sede no Brasil. Segundo a decisão, falta "fundamento jurídico para se admitir a recuperação judicial em território nacional de empresas sediadas na Áustria e na Holanda, por absoluta ausência de jurisdição".A decisão determina ainda que as duas empresas que tiveram a recuperação judicial aceita devem apresentar cada uma seu "próprio plano de recuperação judicial, mesmo que sejam idênticos ou interdependentes, e deverão ser analisados separadamente por seus respectivos credores, com absoluto respeito à autonomia patrimonial de cada sociedade".A petroleira entrou, no dia 30 de outubro, com pedido de recuperação judicial. O pedido foi feito pelo advogado Sergio Bermudes por conta da "situação financeira desfavorável" da empresa, dos prejuízos já acumulados e do vencimento de grande parte de seu endividamento, segundo comunicado da empresa.  A OSX, empresa de construção naval controlada por Eike Batista, também pediu recuperação judicial em 11 de novembro. O pedido, entregue no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, abrange as subsidiárias OSX Construção Naval S.A. e OSX Serviços Operacionais Ltda.Fonte: G1