Cidade Viva: Mãe reencontra filha desaparecida há quase 50 anos

Por quase 50 anos, a agricultora Rita Francisca dos Santos Rodrigues, se sentiu incompleta no Dias das Mães. Isso porque uma das dez crianças às quais deu a luz estava desaparecida. Após 46 anos, o programa Cidade Viva conseguiu promover a união de Dona Rita com e sua filha Maria Santana, nesta sexta-feira (6), com a ajuda de uma telespectadora. Dona Rita, acompanhada da irmã e da amiga, segundos antes de reencontrar sua filhaAs histórias de vida destas duas mulheres são tão surreais e cheias de drama que bem poderiam virar enredo de um filme; um filme onde as datas são imprecisas. Dona Rita, ficou órfã de pai muito cedo, o que acabou fazendo com que sua mãe permitisse seu casamento aos 11 anos de idade. “Naquela época o padre não dizia nada. Mas minha mãe só me entregou ao meu marido quando eu completei 14 anos”, conta. Bastante emocionadas, mãe e filha se reencontram após 50 anosA família começou a tomar forma no interior do Maranhão com a chegada dos filhos. Ao todo, foram dez entre eles, Santana. Hoje com 78 anos, dona Rita conta que se separou de sua filha quando deixou a menina, então com três anos, passar uns dias na casa de sua melhor amiga. “A comadre Baíca era minha colega de infância e levou a Santana para passar o dia e não quis mais trazer de volta. Eu dizia pra ela que não tinha dado minha filha, mas depois ela se mudou e desapareceu”, relata. Com a falta de notícias, Dona Rita teve de aceitar sua consternação e seguir a vida, buscando sua menina. O esperado abraço de Dona Rita e a filha SantanaCom o tempo ela foi tendo mais filhos, mudou-se para o Piauí e estabeleceu morada na zona rural de Teresina, onde hoje está localizado o município de Nazária. Enquanto isso, a menina de três anos, foi crescendo em um ambiente não muito agradável. “Tive uma infância ruim. Não me deixavam estudar, nem fazer o que eu gostava. Trabalhei cedo na roça”, conta Santana. Bom, Santana é o nome que dona Rita deu à sua filha, entretanto, nos documentos Santana é homônima a milhares de pessoas Brasil afora: está registrada como Maria da Silva. Sua data nascimento também não é certa. Nos documentos está registrado o dia 22 de maio de 1957, mas segundo sua irmã, Maria das Dores Pinheiro, o dia correto é 17 de julho de 1960. “Quando eu fui me casar fizeram um documento e me colocaram como se eu tivesse 16 anos”, diz Santana. Ela também viveu na zona rural onde trabalhou até em plantação de fumo e teve muitos filhos: dezesseis no total, dos quais quatro faleceram; os demais estão espalhados por São Paulo e Maranhão. Netos ela nem sabe dizer quantos são. Agora, além de ter de reorganizar os seus documentos, Santana agora tenta reunir as duas histórias tão diversas e, ao mesmo tempo, com tanta coisa em comum. “É uma felicidade encontrar minha mãe. Vou passar alguns dias com ela, mas ainda preciso voltar pra casa, para ficar com meu marido que está doente da cabeça e deixei com meu filho mais velho”, preocupa-se. Ao saber que vai ter sua filha, agora aparecida, no dia das Mães, Dona Rita também não coube em si de felicidade. “É como se eu tivesse ido pro céu. Isso tudo é o resultado das minhas orações. Eu rezei sempre pedindo isso, todas as noites”, diz a senhora, que atualmente reside no bairro Cidade Nova, na casa da filha caçula. Após terem se reencontrado no programa Cidade Viva, mãe e filhas não paravam de contar suas histórias e tentar recuperar os quase 50 anos em que estiveram separadas. Carlos Lustosa Filhoredacao@cidadeverde.com