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Em CPI no Senado, ex-diretor da Fundac nega acusações e diz não saber o que é CARF

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Durante depoimento na CPI do CARF, no Senado Federal, o ex-diretor da Fundação Cultural do Piauí (Fundac), Halysson Carvalho Silva, negou ter envolvimento com os crimes investigados pela Operação Zelotes, da Polícia Federal. No entanto, as palavras ditas nesta quinta-feira (5) não convenceram os senadores que investigam o caso. 

No início do depoimento, Halysson Carvalho pediu desculpas por não ter ido "de roupa", sem terno. Ele vestia a camisa com a foto de uma criança e a frase "Luís Eduardo - Amor do Papai e da Mamãe". "Meu advogado só veio a saber ontem que a gente vinha para a CPI, só ontem no final do dia que a gente foi comunicado, não deu tempo de pegar roupa, de pegar nada. E a única roupa que eu tenho é esta."

O ex-diretor da Fundac afirmou que trabalha em Teresina em uma distribuidoras de bebidas há cinco anos, além de já ter trabalhado com eventos e shows. Disse ainda só ter conhecido os outros presos da Operação Zelotes na penitenciária. Halysson Carvalho afirmou que o lobista Mauro Marcondes o reconheceu de um encontro em São Paulo em 2010, mas enfatizou que não se lembra de tê-lo visto. 

Suspeito de ter cometido extorsão por e-mail, Halysson Carvalho negou ter enviado a mensagem. Disse inclusive não conhecer ninguém nas empresas e entidades citadas pela CPI. Afirmou que foi preso e seu advogado ainda está levantando informações para preparar sua defesa. 

Quando o assunto foi o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), Halysson Carvalho também negou conhecer alguém que atue no órgão ligado ao Ministério da Fazenda. "Eu não sou ninguém pra ter atuação (no Carf)", declarou. 

Quando a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) perguntou se ele sabia o que é o CARF, outra negativa. 

- O senhor sabe o que é CARF?
- Não.
- Ham? O senhor não sabe o que é CARF?
- Não, senhora.
- Mas seu advogado deve ter lhe falado.

João Alberto Soares Neto, advogado do ex-diretor da Fundac, defendeu seu cliente e disse que o e-mail atribuído a Halysson Carvalho não pertence a ele, não foi criado pelo mesmo e não foi enviado do seu computador. A suspeita da defesa é de que alguém tenha usado seu nome em 2010, quando foi candidato a deputado federal pelo PMDB-PI, para cometer o crime de extorsão. Além disso, ligações atribuídas ao ex-gestor teriam sido feitas em Minas Gerais, para onde o suspeito não teria viajado.

O advogado alegou até a falta de curso superior completo de Halysson Carvalho para contestar a mensagem, redigida com retidão gramatical. O suspeito informou nunca ter concluído os cursos de Comunicação Social e Direito que começou, mas senadores contestaram a informação de que ele não seja formado. 

Halysson Carvalho é suspeito de extorsão contra o empresário Eduardo Souza Ramos, representante da Mitsubishi Motors no Brasil, para obter US$ 1,5 milhão. A Operação Zelotes também investiga a compra de medidas provisórias que visariam favorecer as empresas Mitsubishi e Caoa, representante da Hyunday no Brasil. Perguntado se conhecia esses nomes, lembrou da marca de carros e disse: "Tem uma loja em Teresina de carro Caoa."

Surpreendido
Preso pela Polícia Federal no dia 26 de outubro, Halysson Carvalho se diz surpreso com a ligação de seu nome com a Operação Zelotes. Ele afirmou ter protocolado no dia 5 do mesmo mês uma carta na Polícia Federal, após sua foto aparecer em uma página da revista Veja o associando ao lobista Alexandre Paes dos Santos. 

O empresário disse ainda que trabalhou para o então deputado federal Frank Aguiar (PTB-SP), razões de viagens que fez a São Paulo. Mas não recorda o que foi fazer na capital paulista em duas ocasiões questionadas pela CPI. As passagens dessas viagens, em 2010, teriam sido retiradas por Alexandre. 

Não convence
Vanessa Graziottin se incomodou com as respostas de Halysson Carvalho, uma vez que as mesmas estariam contrariando documentos da investigação da Polícia Federal. O ex-diretor da Fundac disse que não tinha razão para mentir, e se tivesse interesse de ficar calado teria solicitado esse direito para a Justiça.

VANESSA GRAZZIOTIN - Só trabalho com estas duas hipóteses: ou o senhor é muito esperto ou o estão confundindo com outra pessoa.

HALYSSON CARVALHO SILVA – Senadora, eu me coloco à disposição de todas as pessoas. Nunca me escondi. Eu acho que está havendo algum engano e estou tranquilo para responder a vocês se há alguma coisa. Até agora, a única coisa que meu advogado me informou foi que eu estou preso na operação por uma questão de extorsão, se não me engano, que fiz uma extorsão.

(...)

VANESSA GRAZZIOTIN - Eu quero... Repito: nosso desafio é buscar aqui o elo, a cadeia. Eu confesso que até agora estamos com muita dificuldade. Repito: ou o senhor está tentando enrolar a gente, Sr. Halysson, ou estão confundindo o senhor. O senhor está tentando enrolar a gente, Sr. Halysson?

HALYSSON CARVALHO SILVA – Não, senhora. Não tenho motivo para enrolar.

Veja a íntegra do depoimento nas notas taquigráficas do Senado

Insatisfeitos com as respostas, os senadores encerraram a sessão da CPI do CARF sugerindo a Halysson Carvalho que ele colabore com as investigações. 

"Eu só faço este alerta: o senhor está defendendo essas pessoas, está se autoprejudicando. Isso é a conclusão a que eu chego, Senadora Relatora Vanessa Grazziotin. Percebo que o Sr. Halysson não está dizendo a verdade para nós. Fica difícil a gente continuar esse trabalho. Percebo que o Sr. Halysson veio aqui realmente para dizer o contrário de todos esses fatos que temos em mãos", disse o presidente da Comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO).

Fábio Lima
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