Cidadeverde.com

Grávida perde bebê e é internada na UTI após agressão do marido

Imprimir

Uma jovem de 24 anos está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da maternidade Dona Evangelina Rosa em decorrência das supostas ocorrências agressões físicas do marido. A dona de casa Cleudiana Conceição Araújo estava grávida de sete meses e perdeu o bebê ontem (19), após ser espancada na última quinta-feira (13).

Inconformadas, as irmãs da vítima registraram boletim de ocorrência contra o suspeito identificado Francisco Nailton Vieira da Cruz, 26 anos, que já responde por desacato a autoridade em 2014. 

Joana D’arc conta que a irmã já vinha sendo agredida há algum tempo, mas nunca teve coragem de denunciar o marido, com quem ela morava há cerca de um ano. Claudiana da Conceição tem outras duas filhas de um relacionamento anterior e estava à espera de um menino.

“Ela já chegou até a trocar a fechadura da porta de casa, mas ele arrombava. Ela tentou se separar dele, mas ele sempre voltava. A gente sabia que ele batia nela, mas ela sempre tentava esconder. Minha irmã sempre se queixou da agressividade dele, que o marido a espancava só por ruindade. Só soubemos ontem, após ela perder o bebê , que ele tinha espancado-a. Minha irmã perdeu o bebê e corre risco de vida, não consegue nem andar. Quando ela foi internada, não disse porque foi. Só ontem resolveu falar para uma médica da maternidade”, disse a irmã Joana D’arc.  

Ela disse também que o suspeito é audacioso e ontem foi na casa da mãe delas saber notícias da vítima. “Minha irmã está cheia de hematomas na barriga e nas pernas e ele ainda teve coragem de ir na casa da minha mãe”, lamenta.

O caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada da Mulher, sob comando da delegada Vilma Alves, que irá solicitar mandado de prisão preventiva. 

"Agora vai ser feita toda a tramitação prevista no Código de Processo Penal. Nós recebemos a notícia crime, vamos marcar o depoimento formal das irmãs dela, requisitamos o exame de corpo de delito e quando ela melhorar vamos pegar suas declarações. Vamos fazer aquilo que deve ser feito", disse a delegada.

Vilma Alves explica que o suspeito pode responder por tentativa de homicídio, caso a vítima sobreviva, além de homicídio. "Aborto provocado por terceiros, nesse caso é o pai, é  homicídio...um fato de violência perversa. O espancamento foi tão grande que a criança veio a falecer. Ela está doente e internada. Isso é um absurdo. A criança não teve o direito de se defender. Não foi feito o flagrante delito, mas vamos pedir a preventiva", desabafa Vilma Alves.

Claudiana da Conceição permanece internada, sem previsão de alta. Ela está em estado grave e apresenta cansaço, arritmia cardíaca, pressão arterial baixa, febre, hematomas na barriga e pernas, além de uma mancha no pulmão. 

Coletivo Feminista

Lila Luz e Dulce Silva, feministas e membros do Gênero Mulher Desenvolvimento e Ação para a Cidadania (Gemdac), acompanham o caso. Elas ressaltam que a atitude das irmãs da vítima foi louvável e que incentiva outras mulheres também a denunciarem seus agressores. 

"Mulheres que vêm à delegacia e se pronunciam e se rebelam contra essa violência, encorajam outras mulheres vítimas. As mulheres sempre foram acostumadas a acharem, que na relação de conjugalidade, elas devem ser submissas. Ficam sempre com medo de denunciar e na expectativa de que vai conseguir mudar o companheiro. Muitas vezes isso não acontece e as vítimas correm mais risco. Muitos casos terminam em tragédia, como aconteceu com essa jovem que perdeu o bebê", explicam. 

Lila Luz ressalta que o Gemdac trabalha apoiando tanto vítimas como familiares dessas mulheres. "Nós nos solidarizamos com as mulheres e dizemos para elas que mulher não é para ser boazinha ou do lar. Nós podemos estar aonde quisermos", desabafa. 


Graciane Sousa
[email protected]

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais