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Em reunião com Firmino, prefeitos italianos afirmam que povo só adere isolamento com mortes de parentes

Prefeitos italianos das cidades de Bari e Bergamo, que participaram de uma reunião virtual com o prefeito de Teresina Firmino Filho (PSDB) nesta quarta-feira (15), reforçaram o isolamento social como principal ação de combate à contaminação  pelo coronavírus e relataram que a população só passou a respeitar o recolhimento depois da morte de familiares e amigos.

O prefeito Antônio Decaro relatou que, assim como no Brasil, uma parcela da população italiana  também não atendeu à necessidade do isolamento no início dos primeiros casos de Covid-19 no país. 

“Os cidadãos perceberam a necessidade de isolamento só quando perderam pessoas próximas, quando houve mortes de familiares e amigos”, disse o prefeito. A reunião foi conduzida pelo prefeito de Campinas (SP), Jonas Donizette, que é presidente da Frente Nacional de Prefeitos.

Os prefeitos também alertaram as autoridades e a população em geral que os números oficiais não representam a real situação da doença no território. O prefeito de Bérgamo, no Norte da Itália, um dos locais com maior número de infectados e de óbitos, alertou para o caráter silencioso de propagação da infecção.

Segundo Giorgio Gori, os números oficiais se baseiam apenas em pacientes que fizeram o teste e que por isso “não corresponde à realidade”. Estudos apontam que em muitos casos os pacientes infectados são assintomáticos, ou seja, não apresentam sequer sintomas de gripe.

Em sua participação na reunião, Firmino Filho questionou as ações voltadas para populações mais vulneráveis como idosos e moradores de rua. Os prefeitos informaram que no país houve repasses federais no âmbito financeiro e em cestas básicas. O governo federal italiano também ofereceu um programa de amortização social no qual ofereceu 600 dólares para trabalhadores que tiveram que se isolar do trabalho.

Firmino também perguntou sobre o nível de expansão da doença no território. Os prefeitos relataram que em algumas regiões a situação foi mais grave, principalmente naquelas onde o isolamento social foi mais tardio. Em outras regiões, as medidas conseguiram controlar melhor o atendimento de saúde.

 

Evitar ambiente hospitalar

Os prefeitos da Itália também aconselharam a população brasileira a evitar a ida aos hospitais. Eles apontam o tratamento domiciliar como alternativa mais segura para casos de infecções mais leves. 

Os italianos também destacam a participação da atenção primária, atenção básica, como essencial no enfrentamento à epidemia. O controle domiciliar com o suporte de instalação de estruturas intermediárias mais próximas à população. 

Isolamento até segundo semestre

Os prefeitos informaram que os municípios aguardam apoio financeiro do governo italiano, uma vez que houve queda na arrecadação de impostos. Comentaram ainda que, mesmo com a redução no número de pessoas infectadas pelo vírus, o isolamento social está previsto para ser encerrado no dia 3 de maio e que as aulas escolares só serão retomadas em setembro. “Será uma volta gradativa, com muita segurança. Não se pensa ainda em permitir eventos com grandes aglomerações, por exemplo”, explicou Giorgio Gori. Grandes eventos com aglomeração de pessoas, como shows, devem demorar mais a serem liberados. 

Valmir Macêdo
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