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Em live com governador, economista Raul Veloso diz que solução para crise é União liberar dinheiro


 

O governador Wellington Dias (PT) participou de live com o economista Raul Veloso nesta terça-feira (19). Os dois discutiram medidas para a recuperação da economia do país após a pandemia do coronavírus. Com críticas ao Governo Federal e à equipe econômica do ministro Paulo Guedes, o economista afirma que só existe uma solução para a recuperação da economia: o governo federal liberar recursos para ajudar na recuperação de estados e municípios. 

Raul Veloso afirma que o governo do presidente Jair Bolsonaro erra ao demorar em ajudar estados e municípios. Ele afirma que diante de uma crise de consequências mundiais, a tendência do setor privado é se retrair. A solução ficaria a cargo do setor público liberar recursos e investir em medidas como a realização de obras para a retomada da economia. 

"Deveríamos seguir o exemplo de países desenvolvidos. A grande solução seria garantir espaço para o setor público atuar, para  gastar e gastar. Em uma depressão tão feroz o setor privado é forçado a encolher e as pessoas, por precaução, tendem também a se retrair. Essa é a hora do setor público entrar e apoiar o setor privado, especialmente as pessoas mais necessitadas, que são as que mais sofrem. É isso que o mundo faz. A parte sanitária estando dominada, em um esforço de investimento liderado pelo setor público, teremos uma rápida recuperação e iniciar um novo Brasil", disse.

O governador Wellington Dias participará de reunião com o presidente Jair Bolsonaro e os governadores de todo o país na quinta-feira (21). Antes, na quarta-feira (20), ele deve conversar com alguns governadores. Os gestores cobrarão da União, além de medidas para combater o coronavírus, a liberação de recursos para ajudar na recuperação dos estados e municípios. Eles querem celeridade. 

Foto: Reprodução/Youtube

Wellington Dias também pede o engajamento maior da União no enfrentamento à crise. O governador defendeu as operações de crédito aprovadas pela Assembleia Legislativa do Piauí que somam mais de R$ 2 bilhões, para ajudar no pós-crise. Ele também destacou o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600. 

"Essa medida do auxílio colocou bom volume de dinheiro no Piauí. São mais 500 milhões em circulação. Para o pós-crise, a ideia é tomar um financiamento de R$  2,5 bilhões. Vamos recuperar estradas, fazer habitações, obras hídricas, obras relacionadas a escolas, a hospitais, ter condição de contratar pessoas, movimentar a produção de material de construção, a indústria, as empresas  e faz o dinheiro circular. Se o governo federal vem na mesma direção, temos obras que precisam de recursos da União, se somar isso com o setor privado, é possível recuperar.  Somente o setor público caminhando na frente é que  o setor privado volta a se  movimentar. Precisamos nos preparar para essa etapa", destacou o governador.  

O economista fez duras críticas à política econômica do governo Bolsonaro. Ele afirma que o governo comete um erro grave ao não repassar dinheiro no momento certo. 

 "A primeira coisa que os governadores e  prefeitos deveriam pedir era que o Ministério da Economia entrasse em uma licença por 1 ano. E os técnicos fossem substituídos por pessoas com uma outra cabeça, que entendam o momento. Não podemos atrasar nada que deveria sair, nenhum recurso . Os estados não conseguem emitir moedas, eles estão próximos, como os municípios, das pessoas afetadas. Eles precisam atuar e o instrumento é a emissão de moedas, gastar e fazer as coisas acontecerem. O sonho do ministro que é  uma retomada em ‘V’, que significa uma queda abrupta da economia e uma rápida recuperação em direção oposta. É a chamada retomada em V. Isso só ocorreu nos livros, nunca na prática, como não se tomam as medidas no tempo certo, vamos ter uma retomada em uma perna do V e depois um  W de vários picos. Vai ter uma demora na retomada mesmo depois da epidemia ceder. Os estados e municípios precisam receber o dinheiro no momento certo", destacou. 

As ações do Governo Federal na economia são consideradas lentas pelo economista Raul Veloso. Ele afirma que é preciso definir prazos reais para a liberação de ajuda financeira para estados e municípios. 

Além dos prazo, o economista sugere que a ajuda de R$ 600 prevista para três meses, fosse ampliada para R$ 1 mil, com pagamento garantido até o final de 2021. 

‘É preciso dinheiro para compensar a paralisação forçada da atividade economia. Tem que ter uma definição do quanto será distribuído, na casa de bilhões. Com relação a esse programa de sustentação de renda, defende que seja pago R$ 1 mil até o final do ano que vem. Não são três meses. Tem que ser até o final do ano que vem.  Não terá efeito nocivo nenhum como aumento da inflação. Temos uma situação excepcional. O mundo inteiro faz isso. A economia americana estudar ampliar a dívida em 40% do PIB. Em termos de reais, estaríamos falando de R$ 2,8 trilhões, que seriam mobilizados em um período curto de tempo para compensar o desastre que ocorreu. A solução é simples e sem risco de ter qualquer mazela séria na economia. As pessoas do ministério foram treinadas para não fazer nada, segurar. Dizer que vai fazer e não fazer. Estamos falando da sobrevivência de uma população. Precisamos garantir uma renda para as pessoas que foram tiradas do papel de sustentar suas famílias. A partir disso vamos economizar no momento certo. Os governadores e prefeitos precisam explicar isso ao Congresso’, destacou. 

Lídia Brito
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