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Coluna 06/12/23

As mudanças nas pré-campanhas de Sílvio Mendes e Fábio Novo 

Qualquer político que almeje um cargo majoritário, precisa se posicionar apontando suas credenciais para esses três pilares: autoridade, credibilidade e legitimidade. Não se trata aqui da identidade pessoal, mas da identidade que se assume no meio social, que é uma cena, uma construção. Falemos dela. 

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Sílvio paz e amor

Antes num estilo mais amador, o ex-prefeito de Teresina, Sílvio Mendes (União Brasil), tem mostrado uma mudança em suas redes sociais nas últimas semanas. Agora, reforça um estilo “Sílvio paz e amor”. Com uma agência de São Paulo cuidando da campanha de Mendes (a mesma da eleição estadual de 2022), o mote do pré-candidato da oposição é simples: “Teresina está chamando”. 

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Vim porque chamaram

Tecla SAP: “Eu não queria mesmo ser candidato, mas o povo quer, então estou aqui atendendo aos pedidos”. A ideia de “chamamento” é muito cara à política, já que une no mesmo fio o imaginário de compromisso público com a abnegação da missão espiritual. Como se sabe qualquer um que tenha lido a Bíblia, não se negam chamados...

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Vira o disco

O fato é que a campanha de Sílvio terá muito pouco do senador Ciro Nogueira, que segue articulando o grupo nos bastidores, mas evitando aparecer para não trazer consigo a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro. Sílvio Mendes deve usar o mesmo discurso da campanha de 2022 quando o assunto inevitável for tocado.

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Já deu

 “Todo mundo sabe que ele apoiou o Bolsonaro, ninguém vai mentir, mas não é uma relação que se deve destacar, claro, o momento é outro”, ponderou uma fonte da oposição à coluna. Se haverá sucesso na empreitada de não misturar Sílvio e Bolsonaro, só a campanha dirá.

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Deu certo

Já na pré-campanha de Fábio Novo, observa-se que a estratégia, até o momento, espelha pontos que foram bem-sucedidos na campanha de Rafael Fonteles ao Governo em 2022. A divulgação de pesquisas com a menção aos “apoios” de Jair Bolsonaro ou Lula foi amplamente utilizada no pleito estadual para reforçar os padrinhos desejados naquele momento, considerando que no Piauí o presidente Lula obteve 76,84% dos votos válidos. Ocorre o mesmo agora com Fábio Novo e as pesquisas que vinculam ele e Sílvio aos “padrinhos”. 

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Hora de apresentar

“Não é momento de mobilizar é momento de apresentar o Fábio, dizer a quem ele é ligado”, explicou à coluna uma fonte ligada ao PT, acrescentando que Novo ainda passa por fases de ajuste de imagem. “Temos alguns ajustes a fazer, mas ele está se movimentando muito bem e isso tem se revelado nas pesquisas, com crescimento”, completou.

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Mão forte

A forte estrutura do Governo estadual, que apoia Fábio Novo, ainda não é sentida por emissários da política, que, no entanto, minimizam: “Essa é a primeira eleição em que o Rafael (Fonteles) vai poder eleger pessoas pelas mão dele, então certamente vai fazer um esforço grande”, defendeu um interlocutor petista, em reserva.

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Me tira fora dessa

A respeito da coluna em que foi aventada a possibilidade de que o secretário estadual de Planejamento, Washington Bonfim, ocupasse o espaço de vice de Fábio Novo em Teresina, o próprio secretário respondeu à colunista: “A minha chance de ser vice é negativa e anda longe de chegar a zero”. A coluna faz o registro, mas pergunta ao leitor: a política é ou não é a arte do impossível?

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Multiverso

Vamos supor, por um singelo exercício de imaginação, que acontecesse o “quase impossível” (nas palavras dele, Washington Bonfim) e Bonfim fosse escolhido vice de Fábio Novo pelo PSB. Poderia permanecer como secretário de Planejamento de Rafael Fonteles? Uma fonte entendida das regras e sábia sobre a política local, lembra que o ex-senador Elmano Férrer foi vice-prefeito de Sílvio Mendes e, paralelo ao cargo, ocupou a função de secretário estadual de Trabalho no primeiro governo Wellington Dias: “Não é comum, mas pode”. Só a título de informação.

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Se conselho fosse bom

Uma maneira muito eficiente de se vingar de uma desfeita é utilizando o desprezo. Ao enterrar seus adversários no pó da própria insignificância, você só cresce. Quando decide rebater cada minúcia que soltam contra você, estará apenas dando crédito a quem só lhe dá descrédito. Se você não pode ter o que quer, apenas finja que aquilo nunca existiu. Se pessoas abaixo de você lhe insultam, considere um elogio velado: a atenção e a energia deles estão em você.

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Cifrada da Vaga no Céu

Não, não tem nenhuma vaga aberta no Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI) para o tão cobiçado cargo de conselheiro. Mas, que tem gente sonhando e rogando aos céus para que os conselheiros Kennedy Barros ou Lílian Martins peçam aposentadoria, tem! Os nomes mais cotados para entrarem um dia na Corte de Contas são o de dois jovens filhos de ilustres políticos. Um entendido de TCE-PI das antigas, no entanto, foi direto e reto ao ser questionado pela colunista: “Ninguém vai querer se aposentar, pode esquecer isso... por enquanto”. Por enquanto?!

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Foto do dia

Teresina deve ter pelo menos duas candidatas a vereadora transgênero (o termo designa uma pessoa que não se identifica com o gênero ao qual foi designada no nascimento): Dani Barradas, professora, representando o segmento conservador – que tem bastante mobilização, especialmente nas redes sociais, no Piauí; e a assistente social Joseane Borges, diretora de Promoção da Cidadania LGBTQIA+ do Governo do Piauí, pelo PT. A petista se manifestou à coluna: “Sabemos que os partidos de direita lançam candidaturas de segmentos ainda ditos ‘vulneráveis’ para demarcarem espaços, entretanto sabemos também que jamais darão voz e vez a essa parcela da população”, refutou Joseane, em registro com o ministro da Justiça, Flávio Dino.

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A frase para pensar

“Às vezes as pessoas não querem ouvir a verdade porque não querem que suas ilusões sejam destruídas”, Friedrich Nietzsche, filósofo do século XIX, nascido na atual Alemanha.

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