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Auditoria do SUS revela que mais de 750 pessoas morreram no HUT em três meses

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Inspeção realizada pelo Departamento Nacional de Auditoria do Sistema de Único de Saúde (DenaSUS) constatou que no primeiro trimestre deste ano foram registrados 754 óbitos no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). A auditoria foi realizada entre 24 de abril e 9 de maio deste ano e concluiu um relatório no mês de agosto sobre a situação da unidade. Foram constatadas inúmeras irregularidades, como superlotação, falta de equipamentos e recursos materiais, entre outros pontos. 

O documento revela que no primeiro trimestre de 2014 foram 754 óbitos, o que corresponde a 12,10% dos 6.228 pacientes internados no hospital. Deste total, 584 mortes (77,45%) ocorreram entre os atendidos no pronto-atendimento, local onde foi constatada uma superlotação de 130 pacientes, com condições de iluminação, circulação, temperatura e ventilação ambiental. No setor, segundo o relatório, não havia identificação de pacientes, a higiene era inadequada.

“Em visita ao Pronto Atendimento em 07/05/2014, havia 130 pacientes internados em maca desforrada, sem grade de proteção, com risco de queda à altura, com higiene corporal deficiente. (...) As macas se alastram pelos corredores de circulação da emergência/urgência, recepção, debaixo da escadaria e se aglomeram nas áreas de recepção dos postos, muito próximas umas das outras, sem espaço mínimo para circulação e assistência ao paciente. (...) As macas não têm qualquer dado de identificação dos pacientes (nº de maca, nº de registro, nome, especialidade ou classificação da gravidade), assim como os acompanhantes não têm identificação alguma. O aspecto geral do Pronto Atendimento é de desorganização, tumulto, limpeza inadequada, circulação de ar deficiente, aglomeração de pacientes e acompanhantes, ar circulante é insalubre. As condições de funcionamento da unidade são prejudiciais aos pacientes, acompanhantes, visitantes e profissionais que ali atuam. (...) A estrutura físico-funcional do Pronto Atendimento não atende aos requisitos mínimos exigidos da RDC/ANVISA Nº 50/2002 e Política Nacional de Humanização do SUS”, descreve o documento. 

Outro ponto elencado foi a falta de controle de infecção hospitalar. “O Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e a Comissão de Infecção Hospitalar da entidade auditada não cumprem com as diretrizes e normas para a prevenção do controle das infecções hospitalares, quanto à busca ativa de potenciais casos de infecções hospitalares e não dispõem de programa de capacitação e infecção hospitalar para a equipe multiprofissional da unidade. (...)Tal afirmativa fica agravada pela admissão de que a Direção da entidade tem conhecimento de que FOI CONSTATADO ALTO ÍNDICE DE INFECÇÃO COMUNITÁRIA NAS DEMAIS UNIDADES DO HUT (grifo nosso) e inexiste justificativa técnica para tal”, cita o relatório.

Também foi apontada a falta de equipamentos em setores como a UTI, além de problemas administrativos como a falta de reuniões periódicas e até mesmo problemas em prontuários de vários setores. Todos os pontos elencados como irregulares no relatório foram encaminhados à direção do HUT que respondeu a todos eles, com pouco sucesso em suas justificativas. O documento também fez recomendações ao diretor da unidade, Gilberto Albuquerque, à Secretaria Estadual de Saúde, Fundação Municipal de Saúde, entre outros entes envolvidos com o sistema de Saúde. 

Outro lado

O secretário municipal de Saúde, Aderivaldo Andrade, explicou ao CidadeVerde.com que a inspeção do DenaSUS foi motivada pela denúncia de que um paciente havia sido atendido no chão por falta de estrutura e coincidiu também com a greve dos enfermeiros da unidade, que aconteceu entre os dias 3 e 15 de abril. Segundo ele, muita coisa mudou desde aquela data. 

“Quando recebemos o HUT em 2013, havia 550 doentes internados. Hoje são 315 em todo o hospital. A inspeção ocorreu durante um período conturbado, mas hoje a situação está melhor. O centro cirúrgico foi ampliado com mais três salas de cirurgia, temos uma nova UTI com 18 leitos, o centro de hemodiálise e a ampliação da parceria de leitos de retaguarda com o Governo do Estado. A demanda ainda é muito grande. Recebemos entre 250 e 300 pacientes por dia dos quais 55% são do interior, 30% de Teresina e 15% do Maranhão”, explica.  


Flash Carlos Lustosa Filho
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