Para a delegada responsável pela Delegacia de Entorpecentes, Daniela Barros, a reincidência é um fato comum nos crimes que envolvem o tráfico de drogas. O caso das duas mulheres, mãe e filha, presas com 70 pedras de crack na noite de ontem (23), é um exemplo disso.
A mãe Maria de Jesus, 43 anos já tem setença expedida contra ela. Enquanto a filha, Claudiana, 27 anos, foi posta em liberdade provisória há seis meses. As duas são reincidentes. Para a delegada a impunidade é a principal causa da reincidência. "As duas, apesar de terem processos contra elas continuaram a praticar o delito".
Ela explica que a lei brasileira considera a prisão uma excessão. "A lei penal prevê que a pessoa tem o direito constitucional de responder em liberdade. Por conta disso, a reincidência criminosa é tão grande. Eles sabem que tem esse privilégio, e ao invés de aproveitá-lo para procurar a recuperação, continuam na condulta criminosa".
O perfil do tráfico também mudou. Hoje é comum ver mulheres e até famílias inteiras na atividade criminosa. Para Daniela Barros, a causa é o retorno financeiro que o tráfico de drogas tem. "O envolvimento de mulheres cresceu no país inteiro, tanto na venda quanto na distribuição. Esse caso por exemplo, da mãe e filha. Começou com o marido que passou para a esposa, que envolveu a filha. Mesmo presas, elas continuaram com a atividade criminosa".
Em relação a atuação da polícia, a delegada afirma que o trabalho de prevenção é tão importante quanto a repressão. E que a polícia tem que atuar não somente na prisão e desmanche de bocas de fumo, mas também dos fornecedores.
"O boqueiro é último elo da cadeia do tráfico. Temos que atuar em todo o ciclo, desde a distribuição da droga que vem de outros países como Bolívia e Peru, passa pelas fronteiras e chega até as bocas de fumo. Nossa atuação tem que ser em todas essas etapas para tentar barrar o ciclo".
Sana Moraes
