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Demitir 400 comissionados não resolverá o problema, diz Merlong Solano

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O deputado federal e membro da comissão de transição, Merlong Solano (PT), rebateu as críticas feitas pelo deputado estadual João Madison (PMDB), líder do governador Zé Filho (PMDB), na Assembleia sobre os cortes dos cargos comissionados e disse que o relatório que será apresentado pelo governador atual significará uma "certidão de crédito" para o petista.

Merlong explica que Wellington entregou o governo para Wilson Martins (PSB) com 43% da receita comprometida com pagamento de pessoal. Em março de 2013 isso significava R$ 163 milhões. Já em março de 2014, sob o comando de Wilson, o gasto foi de R$ 263,4 milhões e em outubro deste ano subiu para R$ 271.14 milhões. 

"Isso decorre dos planos muitos que foram aprovados e executados, há a contratação de pessoal em cargo de confiança, contratação de temporários que aumentou muito, cerca de 8 mil. E tudo isso fez com que a folha chegasse a esse patamar", argumentou o deputado petista. 

Zé Filho está prometendo tornar público, nos próximos dias, um relatório explicitando o que vem acontecendo com os gastos com pessoal desde o governo petista. Merlong ressalta que não teme a publicidade dos dados. "Não temo, ficaria muito feliz se for com base em relatório oficial. Se esse relatório for baseado no balanço geral do Estado e nos relatórios do TCE, será uma certidão de crédito para o governo Wellington. Quando assumimos, a dívida pública era duas vezes a receita corrente líquida e quando entregamos era 40%. Isso permitiu que o governo Wilson Martins contraísse empréstimos. As escolas de tempo integral estavam funcionando, tinha combustível para carros da polícia e, ao lado disso, ainda se consguia fazer um plano de investimentos", declarou.

Em contrapartida, a equipe de transição também finaliza seu relatório para mostrar ao governador eleito. Wellington Dias também divulgará os números colhidos pela equipe técnica e divulgará durante entrevista coletiva. Pelas informações já compiladas, Merlong adianta que a demissão de 400 servidores comissionados, como já determinou uma portaria do governo do Estado, não será suficiente. 

"Ouvindo a fala do deputado João Madison [em entrevista ao Jornal do Piauí], 400 comissionados não revolvem problema. Se a folha representar 51% da receita, temos que trazer para 46%, isso representa um corte de R$ 24 milhões no gasto com pessoal. Por isso, não acredito que demitir 400 comissionados, mantida a arrecadação atual, não dá. Queremos que a economia tenha um bom desempenho no final de ano, com o Natal dando esse fôlego, para que não precisemos cortar R$ 240 milhões", disse.

Antecipação do ICMS

O deputado comentou ainda que a antecipação do repasse do ICMS, de janeiro para dezembro, para que o governo consiga pagar os salários e o 13º, é incongruente com a lei que diz que o governo que está finalizando o mandato não pode deixar dívidas para o governo seguinte. 

"A lei proíbe que se deixe dívidas para o governo seguinte e não entendo como não proíbe que se antecipe receita do governo seguinte. Como as empresas vendem muito a crédito no final do ano, o governo recolhia uma parte em janeiro e uma parte em fevereiro, como incentivo para as empresas venderem mais a prazo. Eles estão antecipando. Até bem pouco tempo diziam que tinham um fundo de reserva para impedir que esse atraso acontecesse e agora estão dizendo que sem essa verba não conseguirão pagar", declarou.

Leilane Nunes
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