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Jovem é mantida em cárcere privado após se declarar homossexual; polícia apura

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A Delegacia de Repressão às Condutas Discriminatórias de Teresina está investigando um caso de cárcere privado de uma garota de 19 anos que se declarou homossexual. Segundo a denúncia, ela teria ficado 27 dias presa em dos cômodos da casa onde morava, no bairro Matinha, zona norte de Teresina.

A vítima foi encaminhada para o grupo Matizes onde receberá acompanhamento psicológico. A denúncia foi feita pela namorada dela após o desaparecimento da companheira. "Eles me prenderam e me bateram muito com corda. Ele dizia que se eu não seguisse minha vida correta como hétero ia me matar. Foi um período de muita angústia, com medo do que pudesse acontecer comigo lá dentro. Vivia angustiada com tudo. Eu já imaginava isso, porque ele é violento. Vou seguir minha vida da forma que a gente quer viver, livre e sem nenhum problema que interfira. Eu sei que são meus pais, mas não tem condição de eu estar sofrendo dessa forma, com agressões e ameaças", desabafa a garota ainda na delegacia.

 

Segundo o delegado Emir Maia, a garota passou todo esse tempo sem seu celular, documentos pessoais e cartão de crédito. "Ela conseguiu esconder um outro celular e mantinha contato com a companheira. Hoje, quando os pais saíram de casa, ela avisou a namorada que foi até à delegacia com seu pai, que aceita o relacionamento, e tivemos que acionar um chaveiro para ter acesso ao interior da casa. A estudante passou quase um mês trancada e só saía com os pais para o sítio da família. Ela pediu pra sair de casa por que não aguentava mais se isolar de tudo e todos", disse o delegado.

Ainda de acordo com o delegado, a vítima chegou a sofrer agressões físicas no dia 19 de dezembro. "Ela era agredida a socos, pontapés e corda", relata, acrescentando que o relacionamento das duas já durava oito meses.

Na próxima semana, os pais serão ouvidos pelo delegado e podem responder pelos crimes de cárcere privado, ameaça, lesão corporal, injúria e tortura. O delegado Emir Maia acrescenta ainda que será apurada a existência de uma espingarda que teria sido utilizada pelo pai da garota para ameaçar sua companheira.

A coordenadora geral do Matizes, Carmen Ribeiro, disse que este é o primeiro caso de cárcere privado e tortura registrado pelo grupo que luta em defesa dos direitos LGBT. 

"Recebemos denúncias de casos de injúria, difamação e outros crimes praticados geralmente por terceiros, mas um caso assim, é o primeiro registro. Estamos fazendo o que nos é cabido. Articulamos com a secretaria de Assistência Social para conceder abrigo a estudante e faremos o possível para resguardar sua integridade física e pisicológica.

Flash de Yala Sena e Graciane Sousa
Redação de Rayldo Pereira 
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