A delegada Marcela Sampaio, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, intimou vizinhos da estudante Maria dos Milagres Sousa da Conceição Nascimento, 24 anos, suspeita de espancar a própria filha de um ano e três meses, a fim de entender como aconteciam as agressões à criança. Até a manhã desta quarta-feira (2), cinco pessoas foram ouvidas. 

Ainda hoje também deve ser ouvido o médico que atendeu o bebê no Hospital Infantil. A mãe da garotinha deve ser ouvida na próxima segunda-feira (7). 

Sampaio informou que Maria dos Milagres apresentou várias versões sobre o fato, mas nega que tenha provocado as lesões na criança, que já haviam sido registradas uma outra vez, em agosto. “No dia 26 de agosto quando foi feito o TCO, ela disse que a criança havia caído quando estava sob a responsabilidade de uma tia. Já dessa vez, disse que a criança pegou uma macumba e no final do depoimento, disse outra coisa. Ela também garantiu que entregou a filha intacta para o pai, na sexta-feira. São várias as versões”, descreveu a titular da DPCA. 

A delegada diz que há indícios suficientes para o indiciamento da mãe da criança por lesão corporal grave, cuja pena varia de 1 a 5 anos de reclusão. “Mas ainda há outros agravantes. Pelo que o médico falou informalmente, a criança poderá ter perda da mobilidade nos braços e pernas. Além disso, o fato dela ser mãe também pesa e a pena pode chegar a oito anos”, declarou. 

Marcela Sampaio informou que voltou atrás e não pedirá a prisão preventiva de Maria dos Milagres, porque a menina de um ano e três meses e a outra filha de quatro anos estão em poder do pai e da avó paterna. “Ela tem residência fixa e não tem mais acesso às crianças. Como ela não foi presa em flagrante, ao meu entender, poderá responder em liberdade, apesar de o fato ser chocante”, justificou. 

A outra filha de Maria dos Milagres, de quatro anos, relatou à delegada e aos conselheiros tutelares os episódios de agressões sofridos por ela e pela irmãzinha dentro de casa. A garota relatou que havia sido arranhada e apanhava por não fazer a tarefa. “Ontem eu perguntei para a menina mais velha o que tinha acontecido para que a mais nova estivesse com olho rosto. Ela disse: ‘a mamãe jogou ela pelo braço em cima da cama e deu um murro na cara dela’. O depoimento deixa qualquer um impressionado”, recordou Marcela Sampaio. 

A titular da DPCA afirma que já recebeu o laudo prévio do IML que confirma várias lesões e o espancamento da menina de um ano. Outro laudo, feito no último dia 26 de agosto, já confirmava que a criança apresentava hematomas e edemas no membro superior direito e aparente deformidade na região do antebraço. O documento aponta ainda que a criança estava apática, com más condições de higiene, escoriações no tornozelo e falta de mobilidade no pé. 

Laudo do IML

Sampaio solicitou também o prontuário do Hospital Infantil e todos os exames para incluí-los no inquérito que ela espera finalizar até a próxima quarta-feira (9).