Com domínio quase total de estudantes das melhores escolas do Piauí, o curso de medicina da UFPI é um dos mais concorridos, mas, neste ano, contará com a presença de dois alunos da rede pública. Sérgio dos Santos e Gabriela Milanez, das cidades de São Lourenço e Castelo do Piauí, respectivamente, provaram que as dificuldades são limites a serem quebrados pela dedicação e persistência.
De acordo com o diretor da Unidade de Educação da Seduc- Secretaria de Estado de Educação-, Ellen Gera, ainda está sendo feito um levantamento de quantos estudantes da rede pública conseguiram ingressar no ensino superior através do Sisu, mas o resultado já agrada. “Dos 40 alunos que vão cursar medicina já em 2016 no curso da Universidade Federal do Piauí, nós temos o Sérgio, que é de São Lourenço, e a Gabriela, de Castelo, que também foi aprovada pro curso de medicina. Nós temos ainda vários casos de alunos da rede pública que vão aparecendo como aprovados na sua escolha do Sisu”, destaca o diretor.
Sérgio dos Santos Santana, de 18 anos, é filho de pedreiro e de empregada doméstica na cidade de São Lourenço, uma pequena cidade de pouco mais de 4 mil habitantes no sertão piauiense e a 550km da capital. Ele desafiou as equações do ensino e, estudando na rede pública a vida inteira, conseguiu uma vaga para o curso de medicina, ganhando destaque em todo o país com direito à homenagem da presidenta Dilma Rousseff na sua página no Facebook.
E na sua turma, terá uma colega experiências semelhantes de superação. Ela virá do outro lado do estado, na região norte, a cidade de Castelo do Piauí, a 184 km de Teresina. É a estudante Gabriela Milanez Soares, de 18 anos, [foto ao lado] que conseguiu a 2° posição no resultado geral para o curso de medicina, bem como na Universidade Federal do Ceará (UFC), sua segunda opção.
O diretor de Unidade de Educação da Seduc destaca que, além do curso de medicina, vários outros estudantes também se destacaram com o ingresso em cursos como administração, engenharia, computação, direito, entre outros, o que tem sido um resultado positivo para a secretaria, principalmente ao ser comparado à rede particular. “Você tem na rede particular, o currículo, a carga horária, os próprios professores e uma equipe montada só pensando nisso, em disciplinas de Enem e concurso. Tem escola especializadíssima nisso. Já a rede pública não cuida somente do Enem, a gente cuida também do Ensino Médio e da formação do cidadão, o que complica ainda mais”, destaca Ellen.
Para o diretor, os novos programas de reforço no ensino foram fundamentais para os bons resultados como as revisões para o Enem, principalmente para as escolas do interior do estado com transmissões de aulas através da internet, as chamadas aulas de mediação tecnológica. “Imagina estar numa cidade do interior onde não tem acesso a um preparatório. Hoje ele chega ao vivo para o aluno através de um sistema de TV com a possibilidade de conversar com o professor através de sistema de videoconferência, tirar dúvida, receber material apostilado com questões selecionadas para esse tipo de prova”, finaliza.
Sérgio, filho de pedreiro e empregada doméstica, conseguiu aprovação em medicina na UFPI
Diego Iglesias
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