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Em gravação, Renan fala com ex-aliado em mudar a lei da delação premiada

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RIO - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse em conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que apoia uma mudança na lei que trata da delação premiada a fim de impedir que um preso se torne delator. De acordo com o jornal "Folha de S.Paulo", Renan sugeriu que, após enfrentar esse assunto, também poderia "negociar" com membros do STF "a transição" de Dilma Rousseff. A data da conversa não foi revelada.

Em um dos diálogos com Renan, Machado sugeriu "um pacto", que seria "passar uma borracha no Brasil". Renan responde: "antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação".

Desde março, temendo ser preso, Machado, que é alvo da operação Lava-Jato, gravou pelo menos duas conversas com Renan. Na segunda-feira, também foram revelados pelo jornal diálogos entre Machado e Romero Jucá (PMDB-RR), ex-ministro do Planejamento. Na conversa, Jucá sugere que uma “mudança” no governo resultaria em um pacto para “estancar a sangria” atribuída à Operação Lava-Jato. A divulgação das gravações levou à saída do ministro do governo do presidente interino Michel Temer. O peemdebista disse que ficará afastado do cargo até o Ministério Público Federal se pronunciar sobre os áudios e destacou que, se for inocentado, voltará ao posto.

A mudança defendida por Renan na conversa poderia beneficiar Machado. O ex-presidente da Transpetro procurou Romero Jucá, Renan e o ex-presidente José Sarney (PMDB) porque temia ser preso e virar réu colaborador. O ex-presidente da Transpetro fez acordo de delação premiada, de acordo com o "G1". A homologação da delação pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), deve ocorrer nos próximos dias.

"Ele está querendo me seduzir, porra. [...] Mandando recado", afirmou Machado, em referência ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Na conversa, Renan critica ainda a decisão do STF tomada em 2015, que mantém uma pessoa presa após a condenação em 2ª instância. Em outro momento da conversa, Machado pergunta por que Dilma não "negocia" com os membros do STF. Renan responde: "Porque todos estão putos com ela". Segundo o presidente do Senado, os políticos "estão com medo" da Lava-Jato, entre eles o presidente do PSDB Aécio Neves (MG). Ainda de acordo com Renan, uma delação da Odebrecht "vai mostrar as contas" e que "não escapa ninguém, de nenhum partido".

À "Folha de S. Paulo", Renan afirmou que os "diálogos não revelam, não indicam, nem sugerem qualquer menção ou tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções anômalas. E não seria o caso porque nada vai interferir nas investigações."

 

Fonte: O Globo

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