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SBIM discute novas recomendações de imunização em São Paulo

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A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) realizou, durante toda a manhã desta quinta-feira(23), no centro de convenções Maksoud Plaza, em São Paulo, o III Workshop Sbim para jornalistas dos principais blogs e veículos de comunicação do Brasil. O evento apresentou as novas recomendações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e ainda debateu fatos e controvérsias sobre as vacinas contra febre amarela, dengue e gripe. O workshop contou com as principais referências em vacinação no país, como a coordenadora geral do PNI, Carla Domingues, a presidente da SBIM, Isabella Ballalai, a presidente da Comissão de Revisão de Calendários e Consensos da SBIM, Monica Levi e a Pesquisadora do Instituto Evandro Chagas, Consuelo Silva.

A presidente da SBIM abriu o evento apresentando a responsabilidade da imprensa diante dos “surtos de boatos” amplificados nas redes sociais. Segundo ela, a imprensa muitas vezes apresenta fatos que criam uma resistência ou até mesmo um movimento anti-vacinação, em um momento desafiador para pesquisadores e profissionais da área médica. Ele ressalta que eles enfrentam junto à população as surpresas pelo surgimento de novos vírus, a mutação de outros existentes e o retorno de doenças, como a Febre Amarela, que desde 1942 não vinha sendo registrado no país. A presidente da SBIM desabafa: “para cada conquista, um novo desafio”.

Os desafios passam, segundo a Dra. Isabela Ballalai, por uma mudança das tradições, já que quando se pensa em imunização a preocupação da família é mais voltada para as crianças. Especialmente as de até 4 anos. Mas onde fica o adolescente, o idoso, ou melhor, a família? O encontro apresentou a necessidade de se investir em reeducação em saúde para garantir qualidade de vida para pessoas de todas as idades. 

O destaque das novas recomendações do PNI já prova que incorporações inéditas chegam para reforçar novos públicos, a exemplo dos adolescentes. Esta foi uma das boas notícias no campo das imunizações. As meninas, que antes eram imunizadas contra o vírus do HPV dos 9 aos 13 anos, ganharam mais um ano. Ou seja, agora elas passam a ter acesso a vacina dos 9 aos 14 anos. E a partir de 2017, os meninos de 12 e 13 anos também devem ser vacinados. 

Porque a ampliação da vacina contra o HPV passou a fazer parte da vida dos meninos? Por que dados alarmantes mostram o alto número de casos de câncer de boca, de pênis e do colo do útero, este último responsável por mais de 5 mil óbitos em mulheres no Brasil.  Para a Dra Mônica Levi, esta é uma questão de “solidariedade de gênero, inclusive.”. Homens e mulheres saem ganhando com a imunização. A médica prova que a vacina nesta faixa de idade ganha maior eficiência, pois a prevenção é mais garantida antes da exposição ao HPV. Outro ponto a ser ressaltado foi a necessidade de uma completa adesão às duas doses necessárias para completar o esquema. 

As palestrantes do workshop apresentaram uma clara preocupação com a disseminação do HPV, enfatizando que ele mata 20 vezes mais, em função dos cânceres que podem ser desenvolvidos, se comparado às outras doenças que são prevenidas por vacinas no Brasil. A presidente da Comissão de Revisão de Calendários da SBIM mostrou os mitos que atrapalham as imunizações, dentre eles, a falsa informação de que a vacina causa retardo mental e estimula a promiscuidade sexual. Para a profissional, é preciso se falar principalmente em câncer ao conversar sobre HPV, e não necessariamente sobre sexo, e que a família que leva o adolescente para vacinar normalmente democratiza mais informações sobre saúde. 

Na palestra “Gripe: lições aprendidas e desafios da prevenção, a médica Isabela Ballalai afirmou que, apesar do receio ser do vírus H1N1, o ano de 2017 deverá ser do H3N2, também possível de ser combatido por meio da vacina da gripe. Ela afirmou inclusive que, “as vacinas estão em evolução para acompanhar a modificação do marcador genético do vírus.  A presidente da SBIM esclarecue que até agora, no ano de 2017, cerca de 25 mortes já foram registradas por Influenza e que é preciso que o grupo determinado para ser vacinado seja de fato imunizado, a exemplo dos portadores de diabetes. Anualmente no mundo, 10 mil a 30 mil portadores desta condição morrem pela contaminação do Influenza, um vírus resistente que sobrevivem por horas em várias superfícies. Em tecidos, eles resistem por 24 horas, por exemplo. O adulto contaminado transmite por 10 dias a doença, e a criança, por 7 dias. A outra boa notícia apresentada no encontro com os jornalistas, é que o Brasil terá vacina suficiente para imunizar o público mais vulnerável.

Outro tema fortemente debatido no Workshop foi “Vacina Contra a Dengue: temos a solução?”, apresentado pela pesquisadora do Instituto Evandro Chagas e representante da SBIM/PA, Dra. Consuelo Silva. A doença é antiga, com presença nas Américas há cerca de 400 anos, sendo suas primeiras epidemias descritas em 1635. No Brasil, os primeiros casos foram registrados em 1982, em Roraima. Hoje, o número de indivíduos infectados anualmente, em todo o mundo, é cerca de 390 milhões, dos quais um quarto do total desenvolve a doença. A pesquisadora relatou que a OMS estipula como meta a redução de 25% da morbidade causada e de 50% do número de óbitos decorrentes da doença até o ano de 2020, mas os obstáculos são grandes e passa pelo controle do vetor, o mosquito Aedes Aegypti.

O grande ano epidêmico da dengue no Brasil aconteceu em 2013, especialmente a partir daí o país partiu para uma mobilização em várias frentes. A dengue hemorrágica, como já foi conhecida, ganhou outra denominação “dengue grave” e as muitas experiências, especialmente na região centro-norte, onde há mais incidência da doença, capacitou profissionais a desenvolverem um manual de manejo clínico com diretrizes que fizeram melhorar o atendimento dos casos.

A busca pela vacina da dengue não é de hoje, desde 1945 as pesquisas foram sendo intensificadas. Hoje é possível conferir um verdadeiro portfólio de vacinas em andamento, inclusive no Brasil pelo Instituto Butantan, em São Paulo. A única vacina licenciada é disponível apenas na rede particular. 

Sobre o surto mais recente, o da Febre Amarela, palestrou a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Dra. Carla Domingues. Ela apresentou o trabalho realizado especialmente na região de maior incidência – Sudeste – especialmente em 113 municípios. O Estado de Minas Gerais sai na frente com 325 casos confirmados e outros 93 em Espírito Santo. O Ministério da Saúde não tem vacina disponível para o país inteiro, mas tem para as áreas de risco. A epidemia faz parte do ciclo silvestre que deverá estar ativo até o final de maio. Enquanto isso, a cobertura vacinal nas áreas afetadas está acontecendo de forma acelerada. O Ministério da Saúde trabalha inclusive com estratégias de aumento de estoque para mais 70 milhões de doses e a ampliação dos horários de aplicação da vacina. A Dra. Carla Domingues também contestou os boatos de que a vacina não seria segura. O uso no Brasil, inclusive, acontece desde 1937, ou seja, a vacina, segundo a médica, é conhecida e de boa resolutividade. 

O evento finalizou com o reforço de que é preciso combater todas essas doenças com altas doses de informação. A “epidemia” da boa informação também protege o cidadão.

Jeane Melo (Direto de São Paulo)
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