Apesar de ter 6 inquéritos policiais por sequestro, vilipêndio de cadáveres, coação, ocultação de cadáveres e homicídios, o soldado José Correia Braga Neto foi solto ontem (05) e irá voltar a "defender a sociedade" como policial militar. O fato causou revolta e decepção ao presidente da Comissão Investigadora do Crime Organizado, delegado Bonfim Filho.

Zé Correia é investigado por uma série de crimes

Bonfim foi o responsável pela investigação de todos esses inquéritos dos quais José Correia e mais três soldados da PM, juntamente com o ex-coronel Correia Lima são acusados de assassinar pessoas na década de 90.

"Eu não questiono a lei. Ele foi condenado apenas pelo crime do Zé Quelé a 22 anos de prisão e foi beneficiado pela lei e está solto. O que me incomoda é a morosidade da justiça deles não terem sido julgados nos outros cinco processos. Eles têm o direito de serem postos em liberdade, já que os processos não andaram, mas como ficam as famílias das vítimas. Se você me perguntar se eles vão continuar matando, eu acho que sim porque eles são matadores de gente e isto eu não estou entrando no mérito da questão. Aqui fica a revolta e o desestímulo porque eles são o braço armado do crime organizado e agora voltam para defender quando são matadores de aluguel", declarou o delegado.

Ele questionou ainda o porquê da Polícia Militar não ter aberto inquérito administrativo durante todo esse tempo em que eles ficaram presos. "O funcionário público civil condenado há 5 anos de reclusão é posto para fora automaticamente. Na Polícia Militar, se um soldado chega atrasado ou falta ao serviço ele é punido. Por muito menos, outros policiais foram postos para fora da corporação. Eu não consigo entender o porquê que durante 10 anos preso no Quartel da polícia, recebendo vencimentos pagos pela sociedade, ele não tenha sido julgado", e acrescenta que a Cico está vigilante e cuidando para que, se voltarem a cometer delitos eles serão presos novamente.

Corregedoria da PM

De acordo com o subcorregedor da PM, major Ricardo Lima, o processo administrativo contra o soldado Braga Neto deveria ter sido instalados na época do delito. "Os crimes foram prescritos porque o processo administrativo deve ser instaurado até cinco anos da data do delito e a polícia só ficou sabendo com o desmantelo do crime organizado e já havia passado o tempo de pedir",  declarou.

No entender do major, o Ministério Público ainda pode fazer a denúncia no Tribunal de Justiça e pedir pela sua expulsão.

A Corregedoria da PM ainda não recebeu o comunicado de liberdade condicional de Braga Neto, mas assim que receber ele voltará aos quadros da corporação, no serviço administrativo ou ostensivo, cabe ao Comando decidir.

Inquéritos

"Caso dos queimados"

Ilícito penal: sequestro, homicídio, vilipêndio de cadáver, quadrilha ou bando

Data do delito: 06/03/1998

Vítimas: Helio Araújo Silva e Einaldo Liberal Xavier

Indiciados: José Viriato Correia Lima, soldados José Correira Braga Neto, Francisco Moreira do Nascimento, Raimundo Xavier da Silva, Abraão Rodrigues Viana Filho e Tomé Xavier da Silva; policial civil Francisco Domingos de Sousa, Evaldo Macedo Cavalcante Júnior.

Conclusão do inquérito: 08/11/1999

"Parnaíba: Caso Safanelli"

Ilícito penal: homicídio qualificado

Data do delito: 08/08/1989

Vítima: Leandro Safanelli Bernardes

Indiciados: José Viriato Correia Lima, soldados José Correira Braga Neto e Adilson Rodrigues da Silva, vulgo "Alecrim"

Conclusão do inquérito: 28/12/1999

"Bom Jesus: Caso Gaúcho"

Ilícito penal: homicídio

Vítima: Claudenir Antonio França, o Gaúcho

Indiciados: José Viriato Correia Lima, soldados José Correira Braga Neto, Francisco Domingos de Sousa e Arnaldo Ferreira Lacerda

Conclusão do inquérito: 01/2000

"Coação"

Ilícito penal: coação no curso do processo

Vítima: Justiça Pública

Data do delito: 27/04/1998

Indiciados: José Viriato Correia Lima, soldados José Correira Braga Neto, Francisco Domingos de Sousa e Dalton Rodrigues Clark

Conclusão do inquérito: 19/04/2000

"Caso Zé Quelé"

Ilícito penal: homicídio 

Data do delito: 17/10/1996

Vítima: José Vieira de Sousa, caseiro Zé Quelé

Indiciados: José Viriato Correia Lima, soldados José Correira Braga Neto, Francisco Domingos de Sousa

Conclusão do inquérito: 17/05/2000

"Crime do Cabo Honório"

Ilícito penal: homicídio qualificado e ocultação de cadáver

Vítima: Honório de Barros Rodrigues

Data do delito: 20/06/1998

Indiciados: José Viriato Correia Lima, soldados José Correira Braga Neto, Francisco Moreira do Nascimento, José Enilson Couras, o Courinhas

Conclusão do inquérito: 05/07/2002