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Médico elenca pilares para uma saída gradual do isolamento social

A pressão pelo fim do isolamento social vem crescendo em todo o mundo. O médico Marcelo Martins explicou em entrevista nesta terça-feira (21) quais são os seis pilares para a volta do isolamento com segurança para diminuir o impacto do coronavírus pela sociedade. Os pontos são recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Quem não seguir os pilares poderá correr o risco de fazer uma liberação precipitada e o número de mortes e casos pode voltar a subir e obrigar um novo isolamento, o que afetaria ainda mais a economia local”, informou Martins. 

Os pilares são:

  1. Transmissão do vírus deve estar controlada;
  2. O sistema nacional de saúde deve ter a capacidade de detectar, testar, isolar e tratar cada caso, além de acompanhar a rede de contágio;
  3. O risco de surto deve ser minimizado, em especial em ambientes como instalações e asilos. Esse risco é medido através da transmissão pessoa a pessoa;
  4. Medidas preventivas devem ser instauradas em locais de trabalho os quais devem ser todos readaptados;
  5. Manter o risco de importação de casos novos absolutamente controlado;
  6. A sociedade deve estar plenamente educada para os riscos do novo vírus;

Para o especialista, o Brasil e o Piauí enfrentam ainda o primeiro pilar por conta do número ainda reduzido de testes. “A gente só vai conseguir saber, se a transmissão está controlada ou não, testando”. 

“O Brasil é o 12° país do mundo com o maior número de casos comprovados. O país só testou cerca de 1.300 pessoas por milhão. Os países que têm mais casos que o Brasil, o que menos testou, testou 4 vezes mais que o Brasil. Como a gente vai saber que a transmissão está controlado no país se a gente não consegue testar", alertou Martins.

Mudanças no locais de trabalho

Marcelo Martins explicou que os países que estão retomando as atividades comerciais, dentre eles a Áustria, reforçaram as normas de higiene. O número de pessoas dentro do local equivale ao tamanho do ambiente. Os pés dos clientes devem ser higienizados antes de entrar no local e todos os funcionários devem ser testados. O Brasil deverá passar por esse processo quando a retomada for decretada pelas autoridades.

Testagem

Martins também relembrou que os testes rápidos ainda não são tão confiáveis. Os diagnósticos absolutos de Covid-19 apenas os de testagem via PCRs são mais eficazes. 

Mudança definitiva

A pandemia do novo coronavírus é inédita ainda está em aceleração em muitos locais. Marcelo Martins assegura que a Covid-19 trouxe mudanças que devem permanecer durante muito tempo, modificando a dinâmica de funcionamento da sociedade.

“Alguns hábitos nossos vão mudar. Aquele hábito caloroso brasileiro de abraçar, e muito contato físico, vai ter que mudar um pouco”, disse dando como exemplo vários países que estão estabelecendo novos procedimentos de contato entre a população.

Isolamento intermitente

O especialista não descarta a possibilidade de isolamento intermitente, podendo haver períodos de liberação e outros de tomada do isolamento. A curva epidemiológica baseia essa orientação. Ele diz que o Piauí tem a oportunidade de estudar a retomada com mais tranquilidade que outros estados. “Se nós tivermos pressa a gente pode ter o risco”, assinalou.

Vacina

A maior esperança do combate contra a Covid-19 é o desenvolvimento de uma vacina que deve só estar disponível em meados de 2021. Martins explica que o novo coronavírus é um RNA vírus, espécie que tem sido um desafio para a comunidade médica nos últimos anos. 

Há relatos de que o vírus pode afetar outros órgãos além dos do sistema respiratório, como coração, intestino e cérebro. 

Reinfecção

Martins informa que há relatos de pessoas que foram infectadas novamente pelo coronavírus em países asiáticos mas com formas mais leves da doença. A reinfecção já é identificada em doenças como influenza.

Valmir Macêdo
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