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Cresce violência contra a mulher na quarentena; movimento faz alerta

Foto: Pablo Valadares/Agência Senado

A Frente Popular de Mulheres Contra o Feminicídio enviou uma carta para os poderes públicos, municipal e estadual de defesa das mulheres pedindo ações emergenciais voltadas para a população de mulheres durante a pandemia de Covid-19. Dentre os pontos estão o reforço na propaganda de rádio e TV contra abusos de gênero e o atendimento jurídico e psicológico à distância para as vítimas.

Para a Frente de Mulheres, o momento de crise econômica, com desempregos, e de recolhimento domiciliar tem deixado muitas mulheres em situação ainda mais vulnerável à violência. 

“Sabemos que o momento é priorizar a saúde, as pessoas desabrigadas, mas também é de redobrar a atenção à violência contra as mulheres que tem aumentado. O que se registra durante esse período de isolamento social é um grande aumento da violência contra as mulheres. Muitas estão desempregadas e continuam tendo que cuidar de suas casas e de suas famílias”, afirmou Madalena Nunes, uma das articuladoras da Frente. 

Segundo Madalena, apenas em um mês e dez dias de isolamento, três feminicídios foram registrados em Teresina.

Violência continua na quarentena

Titular da Delegacia de Proteção dos Direitos da Mulher, a delegada Cassandra Morais Sousa afirma que a violência de gênero persiste em tempos de isolamento social. “Nas outras delegacias têm se registado uma diminuição no número de crimes, há também uma redução no número de acidentes de trânsito, mas a violência de gênero é uma demanda constante, ela não cessa, ela continua”, contou

A delegada explica que o atendimento 24 horas contra as vítimas continua durante o isolamento e que há a possibilidade de registrar um boletim de ocorrência sem precisar ir à delegacia. 

“Para os casos de flagrante, temos a Central de Gênero 24 horas, o número 190, o disk 180, a Patrulha da Mulher”, disse.

Foto: Roberta Aline/Cidadeverde.com

Vítima pode pedir medida protetiva à distância

Com a pandemia, as vítimas de violência de gênero passaram a poder registrar o boletim de ocorrência à distância (clique aqui para acessar a Delegacia Virtual). “A mulher ainda pode registrar o boletim de ocorrência sem sair de casa pelo B.O eletrônico. Nele ela diz se quer a medida protetiva e se assim for, a gente encaminha ao judiciário e cumpre a medida, sem precisar ela se deslocar de casa e correr um outro risco que é o do coronavírus”, disse a delegada. 

Em casos de lesão corporal que não sejam flagrantes, a delegacia agenda o exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML). “Para evitar deslocamentos desnecessários para expor ainda mais a mulher”, garante Cassandra.

Violência aumenta em períodos atípicos

Segundo a delegada Vilma Alves, a violência doméstica tende a aumentar em períodos atípicos como carnaval e Copa do Mundo, e também se mostra crescente em períodos de recolhimento.

“Realmente há um aumento, o que para nós é uma situação estarrecedora porque num momento de isolamento, de crise na perspectiva de futuro, de mortes e mais mortes em decorrência de uma doença, essa violência continua a fazer vítimas”, disse.

Vilma Alves reforça a atenção da sociedade para os problemas causados pela cultura do machismo que tende a canalizar na mulher . “Se o marido ganha menos que a mulher, a mulher apanha. Se perde o emprego, a mulher apanha. Se o filho cai, a mulher apanha. Se não está podendo sair para jogar a pelada, a mulher apanha. É o machismo arraigado. É o poder do homem de achar que a culpa dos seus problemas está na mulher”, diz

Campanhas em massa

A Frente Popular de Mulheres Contra o Feminicídio sugere campanhas para coibir agressores com divulgação dos telefones e serviços com veiculação na TV aberta, aliadas às campanhas de combate à Covid-19. 

“Estamos pedindo que o estado assuma o compromisso com campanhas de divulgação em massa, que não seja só pela internet porque muitas mulheres não têm acesso e nem muito menos como baixar aplicativos. Queremos que as informações para denúncia sejam veiculadas em rádios e nas TVs para que elas saibam que essas políticas de atendimento continuam a funcionar na quarentena”, explica Madalena.

Atendimento online

A articulação de mulheres também defende que seja ampliado o horário de funcionamento das casas de atendimento, como centros de referência, e que seja oferecido atendimento psicológico e jurídico, de forma online, para as mulheres vítimas da violência doméstica.

DELEGACIAS ESPECIALIZADAS NO ATENDIMENTO À MULHER:

DELEGACIA DE FLAGRANTE DE GÊNERO

Rua Coelho de Resende, S/N, Centro/Sul, Teresina-PI. Telefones: (86)3216-5038/ (86)3216-5042

DELEGACIA DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA MULHER – CENTRO

Telefone: (86)3222-2323

DELEGACIA DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA MULHER – SUDESTE

Telefone: (86)3216-1572

DELEGACIA DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA MULHER – NORTE

Telefone: (86) 3225-4597

Valmir Macêdo
[email protected]

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