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Médico diz que a questão não é o pico da covid-19, mas o risco de colapso

O médico neurologista, Marcus Sabry, defende que o momento não é de pensar no "pico da Covid-19 no Piauí", mas de planejar o pós-pandemia do novo coronavírus no Estado.

Sabry, que é professor da Universidade Federal do Piauí, ressalta que a população precisa aprender  a conviver com esse vírus por meio do distanciamento social, para evitar o aumento no número de casos. Além disso, é necessário o tratamento precoce, ambulatorial e em massa nos pacientes positivos.   

Em entrevista ao Jornal do Piauí, o neurologista comenta que "nós devemos parar de nos preocupar com essa palavra 'pico'. Nós precisamos nos preocupar com o risco de colapso. A palavra 'pico'  ganho até mesmo uma conotação alarmista".

Sabry destaca que "o ápice da pandemia  vem sendo monitorado".  Ele ressalta que está "até feliz em observar que os números reais tem sido benevolentes conosco. Os números reais estão aquém até das minhas previsões" O médico acompanha os dados epidemiológicos desde o início da pandemia no Piauí diante das confirmações dos primeiros casos.  

O médico diz que em algum momento o Piauí atingirá o pico da pandemia, "mas não é necessariamente significado de que nesse momento o (sistema) vai entrar em colapso.  Os gestores tomaram todas as providências, adquiriram equipamentos, habilitaram leitos de UTI. construíram hospitais de campanhas". 

"Então,o objetivo inicial da recomendação de  restringir a mobilidade da população, que era para distribuir os casos ao longo do tempo, teria mesmo o efeito de deslocar esse pico - vamos usar esse nome - mais para frente. O risco de colapso sempre é real, mas ele é pequeno, é mínimo. Temos como lidar com a demanda". 

Pós-pandemia

Para Sabry, "agora, o que gostaria muito de chamar a atenção, aproveitando essa questão do pico, é o planejamento pós-pandemia. Nós não precisamos nos preocupar apenas com o que está acontecendo, mas com o que vai acontecer em seguida"

"Houve efeitos muito grande na questão do represamento de outras patologias que estão sem atendimento.  Por exemplo:  (pacientes com) cirurgias eletivas que estão há três meses aguardando. Se antes se fazia 50 por mês, assim que abrir, digamos que amanhã, vai ter que fazer as 50 do mês mais 150 que firam represadas, ou seja, 200 (cirurgias eletivas). Isso vai gerar um pico de demanda no sistema. Quanto mais tempo represada maior será o pico devido a demanda reprimida. Precisamos lidar com as duas demandas ao mesmo tempo". 

Retomar atividades 

O médico cita, em outro aspecto, que "nós não precisamos esperar passar o pico para cuidar da retomada de atividades". 

"A questão não é o pico; é o risco de colapso. Os gestores tomaram as suas providências. O sacrifício de parar as atividades para se tomar essas medidas já foi feito. O risco de colapso pela ação dos gestores foi minimizado. Portanto, nós precisamos conviver com a presença do vírus; não tentar fugir dele o tempo todo, isso é impossível".

Para ele, o que evita o número de casos se chama "distanciamento social, que pode ser praticado em casa mesmo se as pessoas não saírem para trabalhar. Da mesma forma que deve ser mantido esse distanciamento nas atividades de trabalho. 

"O importante é manter o distanciamento porque ele evita o número de casos. O chamado isolamento social apenas distribui o número de casos ao longo do tempo". 

Em resumo, segundo o médico, "nós não estamos tão preocupados com essa palavra que adquiriu até um significado assustador: o 'pico da pandemia', como se todo mundo no pico da doença fosse passar por um colapso. Na realidade, não. Os gestores agiram e, com isso, eles evitaram esse risco existisse. Portanto, agora é planejar a retomada pós-pandemia".  

Antiviral e tratamento precoce 

Ao falar sobre os procedimentos para evitar que o quadro de saúde do paciente com Covid-19 se agrave, o médico comenta que  "não há nenhuma controversa médica sobre isso".

"Todos os estudos bem feitos e de qualidade indicam na mesma direção: o uso precoce de qualquer antiviral. Todos eles se usados de forma precoce evita a evolução grave da doença, em grau menor ou maior. O 'x' da questão é o tratamento precoce, ambulatorial e em massa. Essa deve ser a prioridade número 1, inclusive das cidades menores que não possuem UTI". 

 

Carlienne Carpaso
[email protected] 

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