A situação do rio Parnaíba é grave, sobretudo no trecho
entre as cidades de Teresina e Miguel Alves. É o que constata o procurador da Fazenda
aposentado Paulo Afonso Pereira da Silva, que construiu o barco Aragem e
navegou pelas águas do Velho Monge até o litoral piauiense. Ele zarpou da
capital no dia 21 e chegou cinco dias depois.
“Fizemos cinco pernoites. Achei que ia fazer com menos tempo, mas nos trechos Teresina-União
e União-Miguel Alves só conseguimos avançar 50 quilômetros porque o rio está
muito assoreado. O barco, às vezes, passava na areia, tivemos alguns encalhes e
tivemos de ser rebocados pelo barco menor”, descreve. Paulo Afonso afirma que
em alguns momentos a tripulação precisou descer e sacudir o barco de um lado
para o outro a fim de liberá-lo.
Após Miguel Alves, entretanto, a navegabilidade melhorou e o Aragem chegou a
fazer entre 100 e 120km por dia. “Paramos em Porto, Luzilândia e, depois da
ponte do Jandira, ao lado de Murici dos Portelas, tínhamos o rio muito largo, tanto
que passamos muito tempo para achar o canal correto”, relembra o capitão do
barco.
O rio Parnaíba só volta a ficar problemático
próximo à entrada do rio Igaraçu, porque vai se tornando mais raso. A
profundidade do leito do rio também é cheia de contrastes, segundo Paulo Afonso,
em alguns pontos o calado (medida da profundidade a que se encontra a quilha do
navio) fica em 80 centímetros e em outros, chega a 18 metros. A velocidade
média do cruzeiro ficava entre sete e oito nós (cerca de 15km/h).
“O rio está realmente se acabando e, a cada ano, está ficando pior. Pode ser
que com a revitalização melhore, mas é preciso investimento do poder público conscientização
da população”, avalia o promotor.
Carlos Lustosa Filho