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Tecnologia garante alternativa para o transplante de córnea

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É difícil imaginar a reação de uma jovem ao ouvir que pode perder parcial ou completamente a visão em pouco tempo. Foi isso que aconteceu com a técnica de enfermagem, Hérika Batista da Silva, quando, em 2005, descobriu que estava com ceratocone em ambos os olhos, uma doença caracterizada pelo afilamento e diminuição da resistência da córnea, o que causa a acentuação da sua curvatura e, consequentemente, provoca distorção e embaçamento de imagens.

“Minha mãe chorava muito, eu não tinha noção do que seria ficar cega, até porque  esta dura realidade nunca fez parte dos meus planos”, conta Hérika. Na época, os tratamentos eram bastante limitados e, muitas vezes, a única solução era esperar que a doença avançasse até o nível de cegueira necessário para a realização de um transplante de córnea. O ceratocone é uma das principais causas desse tipo de transplante, que é o mais comum no Brasil e no mundo.

Segundo dados da Fundação Municipal de Saúde de Teresina, só em 2010 foram realizados 119 transplantes de córnea em todo o Piauí e em janeiro de 2011 havia 450 pacientes na fila de espera para receber novas córneas. Pode parecer muito, mas se comparado com o início de 2010 quando o número era de 680 pessoas, percebe-se uma queda de 30%.

De acordo com a oftalmologista Namir Santos, o avanço da tecnologia possibilitou a descoberta de novos tratamentos. “Na fase inicial, o uso dos óculos pode ser suficiente para corrigir os distúrbios da visão, e com o avançar da doença o tratamento é mais complexo e pode requerer intervenção cirúrgica. Atualmente, dispomos de recursos para deter a progressão da doença para suas fases avançadas e com isso diminuir a necessidade de realização de transplante”, explica.

Entre essas técnicas, está o Cross-link de colágeno, procedimento que aumenta a resistência da córnea e atua diretamente na contenção do problema, associando uma substância chamada riboflavina à luz ultravioleta. Para tornar ainda mais eficiente esse tratamento, em alguns casos é recomendado o uso de lentes de contato especiais que ajudam a devolver a qualidade de vida aos pacientes do ceratocone.

No caso de Hérika Batista, foram tentados diversos procedimentos como o uso de lentes de contato e o implante de anel intra-estromal, métodos que adiam a necessidade de transplante. “Infelizmente a córnea do olho direito já estava muito fina e fragilizada e realmente foi preciso fazer o transplante nele em 2010”, afirmou Hérika.

“O importante é que, na presença de distúrbios da visão, embaçamento ou desconforto, a pessoa deve procurar um especialista para avaliação, pois a maioria das doenças oculares são tratáveis quando diagnosticadas precocemente. Com o desenvolvimento das pesquisas e o avanço da tecnologia, doenças de difícil tratamento como o ceratocone já possuem alternativas ao transplante, mas o diagnóstico precoce e o acompanhamento médico são fundamentais”, recomenda a médica.

Da Redação 
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