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Em artigo, professora Ana Regina elogia gestão na Casa da Cultura

A professora Ana Regina Rêgo, Phd em Comunicação, publicou artigo em que elogia a atual gestão da Casa de Cultura. Segundo ela, a administração é um “exemplo a seguir” no Piauí.


Professora Ana Regina

À frente da Casa da Cultura está a produtora cultural,  Josy Brito, que intensifica ações para atrair visitantes e preservar o rico acervo da casa.


Veja trechos do artigo: 

Gestão Cultural: Casa da Cultura,  um exemplo a seguir 

...Tenho falado de gestão cultural, de problemas em nossas políticas públicas e, as boas práticas de que raramente falo aqui, vem de outros espaços, muitas vezes exteriores ao nosso país. De fato, boa prática de gestão cultural em Teresina ou no Piauí, eu nunca destaquei, peço desculpas por isso. Mas vamos ao que interessa. Semana passada, necessitei realizar um evento na Casa da Cultura de Teresina, localizada na Praça Saraiva e vinculada à Fundação Cultural Monsenhor Chaves. 



Fazia algum tempo que não visitava aquele espaço durante o dia, normalmente, o visito a noite em eventos e por este motivo, não tinha parâmetros para avaliar o funcionamento da mesma. No entanto, ao chegar a Espaço Cultural Casa da Cultura na segunda-feira, 21 de maio, fiquei maravilhada, primeiro com a limpeza, o esmero e o cuidado com todo o ambiente. Nos espaços abertos para visitação pública tudo brilha, assim como, nos cômodos da administração. Depois me encantei com a acolhida de todos, com a educação e a boa vontade em ajudar e fazer a coisa acontecer. Do pessoal da limpeza, passando pela guarda, aos secretários e diretores de arte e som, todos foram extremamente cordiais e prestativos. Fiquei realmente encantada. Não encontrei nenhuma dificuldade e o evento fluiu muito bem. Talvez, meus cinco ou seis leitores, me digam que ser cordial e receber bem, assim como, manter as coisas limpas não são sinônimos de boa gestão. De fato, sinônimos não são, mas são indícios de que há ali um processo de gestão coerente e participativo, onde todos são motivados a gostar e amar o que fazem e o lugar onde trabalham, ou seja, por um lado, a gestão de pessoas funciona muito bem, e, por outro, encontramos vestígios de que há um esforço no sentido de manter a gestão do espaço da melhor forma possível, com expansão do acervo, realocação dos acervos entre os espaços da casa, utilização de todos os espaços com os mais variados tipos de atividade e em todos os turnos. Essa foi uma primeira impressão, colhida em dois dias de visitas e durante a realização do evento. No entanto, sei que seria necessário realizar um diagnóstico para avaliar o processo de gerenciamento daquela casa, para então poder apontar as falhas e os caminhos. No entanto, o que gostaria de chamar atenção aqui é para o fato de que é possível gerenciar espaços culturais públicos com responsabilidade e boa vontade, mesmo com todas as dificuldades, que estou ciente, temos que enfrentar em qualquer lugar do Piauí. 


Diretora da Casa da Cultura, Josy Brito

É certo que nesse processo existe a parcela de responsabilidade e colaboração da Prefeitura Municipal de Teresina e Fundação Cultural Monsenhor Chaves na condução da  sustentabilidade, no entanto, a aplicabilidade dos parcos recursos e  o esforço para manter a Casa da Cultura como um espaço de arte e cultura vivo é ,em sua maior parte, devido a gestora que lá se encontra, a saber: Josy Brito, para quem bato palmas. Talvez a esta altura, alguns dos meus cinco ou seis leitores, esteja pensando que fui tomada pela emoção e esteja confundindo os princípios de gestão, por isso, vou relembrar alguns deles, que considero imprescindíveis, sobretudo, no concerne a gestão estratégica.
A gestão estratégica no mundo mercadológico possui normalmente, quatro vetores principais, quais sejam: definição de produtos e mercados, identificação de vetores do crescimento organizacional, estabelecimento de vantagens competitivas e sinergia. A estratégia seria um esforço para alocar negócio em nichos mercadológicos específicos, a partir do estudo dos cenários e da verificação das tendências de mudanças.  No ambiente cultural, Gomez de La Iglesia, autor espanhol,  considera necessário a utilização das técnicas de marketing e estratégia na gestão dos  processos e espaços culturais, assim como, também considera inevitável uma aproximação cada vez mais estreita entre capital econômico e capital cultural. Em seu modo de ver a gestão cultural  “embasa-se na aplicação de técnicas próprias do “management” . Porém não devemos entender a Gestão Cultural - somente como um sistema operativo e mecânico, mas sim como uma “filosofia” de intervenção social e cultural, que pode e deve impregnar a vocação social da empresa, seja o setor cultural seu marco de atividade ou não”. Mas o que significa gerenciar estratégias? Como se pode gerenciar os processos de formulação e implementação de estratégias em nível corporativo e nesse caso no ambiente cultural público? No âmbito empresarial, a gestão estratégica é um processo dinâmico e ininterrupto, em face das possibilidades de mudança de rumo na implantação das estratégias definidas. A gestão estratégica consiste, portanto, não somente no processo criativo e de planejamento, mas no acompanhamento da execução do que foi planejado. O monitoramento faz parte do processo de gestão e visa propor adaptações necessárias ao longo do processo. Desta forma, a gestão estratégica é, em si, flexível e permanentemente criativa, visando não somente corrigir eventuais cursos, como aproveitar novos panoramas mercadológicos que se apresentem. Peter Drucker, o pai do marketing,  afirma que as organizações trabalham de acordo com uma teoria de negócio, isto é, um conjunto de hipóteses a respeito de qual é seu negócio, quais os seus valores objetivos, como ela define resultados, quem são seus clientes e a que eles dão valor e pelo que pagam. Isso significa que o principal desafio da gestão estratégica  é converter a teoria e as hipóteses sobre  os negócios em valor para todos os stakeholders, para os públicos de interesses, e foi isso que presenciei na Casa da Cultura, guardadas as devidas proporções e mesmo sabendo que a aplicação dos princípios do marketing ali, se faz de modo quase inconsciente, mas é possível visualizar que existe um planejamento, existe definição de estratégias e acompanhamento do que se faz. Em outro ambiente Hunger, por sua vez, afirma que os responsáveis pela gestão estratégica devem dominar três processos: a gestão estratégica do mercado, que consiste em definir a estratégia competitiva da empresa frente ao mercado onde se posiciona, incluindo produtos, serviços, imagem pretendida e reputação. A gestão da estratégia da empresa  que significa compreender o ambiente interno e sua relação com o desempenho organizacional no mercado, e, a gestão do alinhamento entre as duas anteriores para que andem lado a lado. E ao que me parece, e,  a partir de um primeiro olhar, o gerenciamento da Casa da Cultura em Teresina, domina quase que completamente os três processos gerenciais ainda que em condições adversas de funcionamento e estando no lugar do público e não do privado para onde a teoria foi desenvolvida. Fica a dica para que nossa sociedade visite a Casa da Cultura, conheça os espaços e colabore difundindo o que é nosso. Lá existe memoriais, uma pequena pinacoteca, duas bibliotecas, espaço para exibição de filmes, o que acontece semanalmente, espaço para cursos de teatro e dança, que acontecem com freqüência, oficina de restauração, além de espaços para exposições temporárias, palco para shows e eventos, etc.

Ana Regina Rêgo 

Phd em Comunicação Corporativa. Mestre em Comunicação e Cultura. Jornalista. Consultora. Profa. PPGCOM-UFPI. email: [email protected]


Da Redação
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