As mulheres quebradeiras de coco babaçu, que ganham o sustento extraindo o fruto no interior do meio norte brasileiro, virou questão da prova de sábado (3) do Exame Nacional do Ensino Médio - Enem. A adoção de um tema regional gerou polêmica entre candidatos de outros estados, que repercutiram nas redes sociais o descontentamento com um assunto específico do Norte e Nordeste do país.

"Só quero que vcs me expliquem pq eu preciso saber sobre a situação das mulheres quebradeiras do côco-babaçu", disse uma internauta no Twitter. "#AprendiNoENEM que existem mulheres quebradeiras de coco-babaçu", enviou outra estudante através da mesma rede social. 

Em Teresina, o professor de Geografia Marcelo Lima, vê a questão como tendenciosa ao regionalismo. "Apesar do texto ilumunar para a resposta, houve uma especificidade regional que vai contra ao não regionalismo no Enem", avalia. Para ele, a questão deveria usar as quebradeiras como um exemplo genérico para os problemas do campo, o que nacionalizaria o enunciado. 

 

A questão apresenta um texto sobre a realidade das quebradeiras de coco. Em seguida, pergunta o que gerou o movimento que uniu as mesmas. A alternativa correta, de acordo com a maioria das correções divulgadas por escolas de todo o Brasil, seria a letra E, que fala da dificuldade imposta por fazendeiros e posseiros no acesso aos babaçuais no interior de suas propriedades. Mas o gabarito oficial só deve sair na próxima terça ou quarta-feira. Muitos candidatos responderam a letra A, que coloca a violência na região como resposta.

"Há uma necessidade do conhecimento regional da situação (para responder a perguinta)", acrescenta o professor ao Cidadeverde.com, citando que estudantes piauienses teriam dificuldade semelhante em questões sobre a luta dos seringueiros do Acre ou dos que plantam Araucárias no Sul do Brasil.