Animadas, extrovertidas, abusadas. Assim são as raparigas personagens mais marcantes do Corso de Teresina e que puxam o cordão de carros que este ano deve reunir 896 veículos. 

A “cafetina” dessa turma é a atriz Lari Sales que destaca a importância não só do Caminhão das Raparigas como também do Corso para Teresina. “Esta é a celebração da memória afetiva do carnaval do passado”, diz. 

Ela explica que nos primórdios, as carreatas durante o período momesco eram bastante comuns na capital. “Antigamente, na década de 1960, os desfiles de carros era por toda a cidade. Passava pelos bairros, Clube dos Diários, praça Pedro II”, relembra. 

Lari conta que as prostitutas naquela época eram recriminadas e não podiam participar das festas de carnaval “da sociedade”. “Mas no dia do corso elas podiam estar junto, desde que estivessem bem vestidas e bem comportadas. Elas usavam longas saias que colocavam nas grades do caminhão. Eram sempre as mulheres mais bonitas, elegantes e mais sérias”, pontua. 

As “raparigas” do Corso atual não exercem a profissão e estão mais debochadas, mas ainda com um pé nos costumes das antepassadas. “Em 1995, a professora Cecília Mendes era presidente da Fundação Cultural Monsenhor Chaves e promoveu a retomada o caminhão, que não existia mais. Ela convidou as atrizes e artistas da cidade, que retomaram a tradição. As raparigas hoje são mais alegres, mas mantemos alguns traços, como as saias longas”, afirma. 

Em 2013, o Caminhão das Raparigas levará 17 integrantes, será o segundo do Corso de Teresina, atrás apenas do veículo do rei e da rainha do Carnaval. “Vamos levar muita alegria, sensualidade e charme”, descreve Lari Sales, que deve enfeitar o veículo ainda hoje.