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Papa não renunciará por doença ou "escândalo", garante arcebispo

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Dom Jacinto Sobrinho afirmou que a renúncia do papa Bento XVI não tem relação com o caso do mordomo que roubou e difundiu documentos restritos do Vaticano. O arcebispo acredita que a renúncia não afetará a fé dos católicos e que a decisão foi uma surpresa para toda a igreja, apesar de não ser inédita. 

Jordana Cury/Cidadeverde.com
Dom Jacinto e a imagem de Bento XVI

"O Papa escolheu 11 de fevereiro, dia de Nossa Senhora de Lourdes, para anunciar a decisão com tranquilidade. A renúncia é mais simples que a morte. É claro que causou preocupação, porque há 600 anos isso não acontece. Mas, ao longo dos dois mil anos de Igreja Católica, três papas já renunciaram, principalmente pelos problemas sociais e políticos, os "anti-papas" da época", declarou Dom Jacinto.

Apesar da análise, Dom Jacinto considera que a surpresa da Igreja Católica foi pelo fato do atual papa não enfrentar problemas graves em sua gestão. "Ele não enfrenta problemas de sucessão, mas se sente debilitado. Anteriormente, já foi divulgado o estado de fragilidade de Bento XVI. Mas não há doenças como câncer. Ele apenas não se sente mais com forças para exercer o cargo. Foi uma surpresa. Nem de longe imaginávamos. Mas foi um gesto de grandeza", acrescentou o arcebispo.  


Polêmica
O caso do mordomo, para o arcebispo de Teresina, não foi a razão para a decisão. "O Papa já o perdoou no Natal. Por isso, temos a certeza de que esse caso não pesou na decisão do Papa", afirmou taxativo. 

Dom Jacinto acredita também que a decisão não afetará o catolicismo. "A Igreja é conduzida pelo espírito santo, não pelo papa. O catolicismo está crescendo. E a renúncia não fragilizará a fé. A impressão do contrário é tida apenas aqui no Brasil, onde muitas ovelhas ficam à deriva e acabam aceitando outras propostas", completou o arcebispo.

Mudanças no Piauí
No Piauí, a gestão das igrejas não sofrerá mudanças. "Nós não recebemos orientações diárias do Vaticano. Então, não haverá nenhuma modificação relacionada a transferências e outros detalhes",  anunciou Dom Jacinto. 


Papa brasileiro
Questionado sobre a possibilidade de um dos cinco cardeais brasileiros ocuparem o cargo, Dom Jacinto disse que todo cardeal é elegível e todo católico do sexo masculino pode chegar a ser papa. "Ser papa é ser uma pessoa única no mundo, cuja presença gera impacto na sociedade. Mas, antes do papa, temos Cristo, que é o cabeça da igreja. O papa é o sucessor de Pedro e desejo que os cardeais façam a melhor escolha".

Bento XVI, em seu discurso, anunciou que irá formalizar a decisão no dia 28 de fevereiro. Alemão, hoje com 85 anos de idade, foi escolhido aos 78 para suceder João Paulo II, que havia sido eleito com 58 e morreu no cargo. 

Dom Jacinto acredita que é grande a chance de ser escolhido um papa mais jovem e que a decisão não sofrerá influência do atual. "Pelo estilo de Bento XVI, ele não interferirá. Vai se recolher aos momentos de oração, viver em paz, rezando pela igreja, e continuar sendo um excelente músico (ele toca piano). Cada papa é uma nova pessoa. Tivemos papas eleitos mais jovens e com mais idade. Mas, independente disso, esse novo papa vai enfrentar a "descristianização" no mundo e as transformações sociais".


Jornada Mundial da Juventude
Segundo o arcebispo de Teresina, a Jornada Mundial da Juventude, cuja presença de Bento XVI estava confirmada de 23 a 28 de julho, no Rio de Janeiro, não sofrerá alterações. "O evento permanece, mas tudo indica que o novo papa virá, porque todos nós da Igreja Católica temos interesse na aproximação com os fieis". 

Gestão de Bento XVI
Dom Jacinto considera o atual papa como alguém que trabalhou para disseminar a fé. "Bento XVI sempre procurou levar a fé ao mundo. Ele é um grande pregoeiro da fé. Com certeza ele é um grande testemunho de grandeza e como ele diz: 'A sociedade sem Deus será contra o homem'", finalizou.

Jordana Cury (flash)
Fábio Lima (da Redação)
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