O coordenador do programa Bolsa Família no Piauí, Roberto Oliveira, garantiu hoje (12) que a fome não é a causa do consumo do roedor conhecido como rabudo, como registrado por reportagem na mídia nacional no final de semana passado.
Evelin Santos/Cidadeverde.com
Segundo ele, o programa tem 110% de cobertura na região de Assunção do Piauí, onde o fato foi registrado. "São R$ 550 mil que entram no município. O mais importante é que o dinheiro está chegando até a população. Um técnico do Ceará apresentou estudo e elogiou o Piauí porque é um dos estados que mais reduziu a pobreza. Certamente, se essas pessoas estão se alimentando disso não é por causa da fome", disse.
Em debate sobre o tema durante o Jornal do Piauí, o biólogo José Ribamar Rocha também afirmou que comer o rabudo, assim como preá e mocó, fazem parte da cultura de algumas regiões no Estado.
Apesar de proibida por lei, já que o rabudo, assim como o tatu, é animal silvestre. A legislação ambiental proíbe a caça e o consumo.
O biólogo ressaltou que o rabudo é diferente do rato urbano. Ele habita regiões de caatinga, em ambiente pedregoso, e possui cerca de 35 cm de comprimento, quase do tamanho de um gato. Ele geralmente é pego por caçadores com uma armadilha chamada de mundé.
Ribamar alerta para o consumo ilegal e também porque não há comprovação de que possa ser um alimento isento de perigos para a saúde humana. "Em algumas regiões do Piauí a população rural se alimenta de mocó, outro tipo de roedor que pode ser hospedeiro do trypanosoma cruzi, agente que causa a doença de Chagas. Por isso, não sabemos se ele pode ou não causar problema a saúde", explicou.
O repórter Tiago Melo foi verificar a situação em Assunção do Piauí. O rato rabudo é considerado prato típico da região. “Muitas pessoas comem. É uma iguaria da culinária local. Acompanhamos o tratamento e a preparação”, disse o jornalista.
“O rabudo pode ser feito frito ou ensopado. Toda nossa equipe comeu. Vale ressaltar que os habitantes da região estão revoltados. Eles dizem que não tem ninguém passando fome. É uma questão cultural”, explicou Tiago Melo.
A matéria será veiculada na programação jornalísticas da TV Cidade Verde em breve.
Leilane Nunes e Lívio Galeno