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Pai chora ao lembrar morte da filha e acredita na condenação do palhaço

Após o Tribunal de Justiça anular a sentença do palhaço Washington Barros Silva, acusado de matar a esposa Kaisa Helane Lima de Sousa, o pai da vítima, Valter Leite, se disse satisfeito com a decisão e, emocionado, contou que a filha era constantemente agredida pelo marido.

Fotos: Evelin Santos / Cidadeverde.com

O crime ocorreu em novembro de 2010. Washington foi denunciado por ter disparado um tiro contra a mulher quando os dois discutiam dentro de um carro em Teresina. Em sua defesa, ele alegou que o disparo foi acidental. O Juri Popular entendeu que se trata de homicídio culposo, sem intenção de matar e a pena foi resumida a serviços comunitários.

O Ministério Público recorreu da decisão, alegando que os jurados se confundiram com os termos "culposo" e "doloso" e que a pena foi arbitrada contrariamente às provas do inquérito. "No julgamento, tínhamos a certeza que a pena era de 12 a 30 anos de prisão. Saímos decepcionados. Nossa filha não vai voltar, mas queremos pelo menos que ele seja julgado corretamente", disse o pai, em meio às lágrimas.

Leilane Nunes/Cidadeverde.com

Valter Leite destacou que as agressões sofridas pela filha antes do crime eram frequentes e sustentou a tese de premeditação. "Ela apanhava muito dele, mas não falava para os familiares. Ficamos sabendo disso depois. Ele chegava a prender minha neta em um quarto, colocava o som alto e batia na minha filha. Ele já tinha esse revólver calibre 38, mas dizia que era emprestado por um amigo", lembrou o pai, se referindo à arma usada no crime.



Valter também contou como tomou conhecimento da morte da filha. "A polícia chegou em minha casa por volta de meia noite, à procura do Washington. Perguntei o que havia acontecido e os policiais me contaram que ele havia cometido um homicídio. Fiquei desesperado". Valter ressaltou ainda que a filha do casal já tem sete anos e que constantemente diz que sente falta da mãe. "Para a menina, o pai é um bandido", completou.

Defesa e acusação

Os advogados Nazareno Thé e Othon Santos acrescentaram que estão tentando, junto com o Ministério Público, que o julgamento seja marcado ainda para este ano. "Vamos usar a mesma tese: foi um crime premeditado, foi doloso, com intenção de matar. Iremos buscar que a sociedade enxergue as provas que estão nos autos do processo", explicou Othon Santos.

Fotos: Evelin Santos / Cidadeverde.com

A defesa do palhaço Washington Barros Silva está sendo realizada pelo advogado Talmy Tércio, que não se mostrou surpreso com o recurso impetrado pela acusação. "Já esperávamos essa atitude, mas, com todo respeito à família, temos provas suficientes de que não houve premeditação. A decisão do juri foi pautada em provas técnicas e as medidas que estamos tomando não são protelatórias. Vamos tentar demonstrar isso ao Supremo Tribunal de Justiça".


O advogado também negou qualquer agressão à vítima por parte do acusado antes do crime. "Ele [Washington] tinha um bom relacionamento com a esposa e com a filha, tanto que nenhuma lesão foi encontrada no corpo dela, a não ser a perfuração da bala".

A defesa acrescentou que Washington está à disposição da Justiça e atualmente vive na casa de um parente. Ele ajuda a família com trabalhos relacionados ao circo. A pena de prestação de serviço foi suspensa até o próximo julgamento.


Talmy Tércio também destacou que o acusado não vai tentar a guarda da filha nesse primeiro momento. "Ele tentou ver a filha, mas não foi possível e ele não quer forçar nada por enquanto, em solidariedade à família. Por isso também não vai buscar a guarda".

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Jordana Cury
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