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Criatividade é junção de fantasia e pés no chão", diz Domenico De Masi no Piauí

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O escritor italiano Domenico de Masi, autor do livro Ócio criativo, participa em Teresina (PI) do primeiro Simpósio Sócio-jurídico da Universidade Estadual do Piauí (Uespi). O evento acontece na manhã deste sábado (4) no auditório do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI).
 
Yala Sena/Cidadeverde.com
 
Professor de Sociologia do Trabalho da universidade La Sapienza, de Roma, Domenico de Masi fala aos presentes sobre criatividade.
 
Na conversa com jornalistas que precedeu sua palestra, Domenico de Masi afirmou que o trabalhador precisa apostar no estudo, ter sorte e continuar a se qualificar. Além disso, é necessário ter boa informação e contexto sócio-cultural e econômico. A internet e a TV são citados pelo escritor como meios que auxiliam o trabalhador nesse sentido.
 
 
De Masi declarou ainda que a única forma de melhorar a qualidade de vida do trabalhador é a luta dele próprio, que não deve esperar pelos empresários. 
 
Sobre o Brasil, o escritor opinou que o País copiou por 450 anos o modelo europeu e nos últimos 50 o dos Estados Unidos. Para Domenico de Masi, os dois estão em crise. Por isso, o Brasil precisaria adotar um modelo autônomo. 
 
Palestra
Domenico de Masi defendeu aos presentes duas qualidades humanas para a criatividade: a fantasia, dos sonhadores, e a concretude, das pessoas com o pé no chão. Para se ter criatividade é preciso unir as duas coisas.
 
De Masi cita como exemplo Michelangelo. Segundo o escritor, para a Basílica de São Pedro, o artista teve a ideia, mas usou sua concretude para convencer o Vaticano a colocar mais de 850 artesãos trabalhando com ele, para que a obra fosse realizada em 20 anos. 
 
 
Depois disso, pouco surgiu. Para Domenico de Masi, sua Itália só produz pizzas há 200 anos, e não ideias. 
 
Após estudar mais de 400 grupos criativos, De Masi avalia que a criatividade não é ponto de partida, mas de chegada. E que apesar dos fantasiosos terem dificuldade de conviver com os concretos, a criatividade não é uma criação individual, e sim a obra de um grupo. Os filmes desenvolvidos por atores, técnicos e roteiristas, são exemplo disso. 
 
Para unir fantasiosos e concretos, três características são importantes na visão do escritor: objetivos e missão em comum, atmosfera que entusiasma, e um líder carismático. 
 
 
A criatividade, segundo De Masi, foi tida como característica de poucos por muitos anos, em parte pela falta de educação e conhecimento e, por outro lado, por um preconceito que a ligou a divindade. Só no século 19 começaram os estudos sobre o tema e a visão de "domínio divino" começou a se perder. Mas antes, a criatividade era "um castelo sendo cercado". 
 
Além disso, por muito tempo outros preconceitos tacharam pessoas criativas, que eram lembradas como eufóricas, tristes, suicidas, judeias ou até gays. O escritor estudou mais de 300 características que levam a criatividade e descobriu que, na verdade, sempre estão presentes tenacidade e persistência. 
 
Defensor da teoria de que não existe metodologia pronta sobre a criatividade, Domenico de Masi defende que a pessoa não nasce criativa, mas tem essa característica aperfeiçoada com o tempo, sendo "uma longa ação de pesquisa". O escritor cita o compositor Mozart, que começou a tocar com 5 anos de idade e aos 15 começou a produzir música de qualidade. 
 
Educação
Domenico De Masi citou em suas palestras que as universidades de Roma estão sendo fundidas. Para o professor, o ideal é que a universidade não supere a casa de cinco mil estudantes para não comprometer a qualidade do ensino.
 
 
 
Yala Sena (flash)
Fábio Lima (da Redação)
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