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100 anos de casamento: família Tajra comemora união de Elias e Amélia

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Tudo começou em 14 de junho de 1913. Lutando por um vida melhor, Elias João Tajra deixou a Síria, seu país de origem, e fixou morada em Teresina, no Brasil. Em uma viagem a Fortaleza, capital do Ceará, ele conheceu Amélia Sady, também estrangeira, só que do Líbano. Em 20 dias estavam casados. 14 de junho de 2013: seus descendentes comemoraram com uma celebração religiosa, na Igreja Nossa Senhora das Dores, os 100 anos do casamento deste casal, um dos mais importantes da sociedade piauiense. 

Fotos: Raoni Barbosa/Revista Cidade Verde

“Esse momento de celebração envolve toda a minha família e só posso dizer que me sinto muito emocionada com esta homenagem a minha mãezinha e meu paizinho. Tenho as melhores recordações dos meus pais. Eles eram muito amorosos com os filhos, netos e amigos”, avalia a freira Josélia Tajra, da Ordem das Irmãs Catarinas, de Recife (PE), que retornou ao Piauí, sua terra natal, para participar da missa.


A celebração foi realizada pelo monsenhor Amadeu Matias. Na Catedral de Teresina, frequentada diariamente por Amélia Sady Tajra, estavam cinco dos treze filhos tidos pelo casal. Sete já morreram, uma das filhas, também freira da Ordem das Irmãs Catarina, não pode estar presente devido problemas de saúde. Tradições, memórias  e valores, como união da família, foram, a cada momento, relembrados e renovados.


“A ideia da homenagem nasceu com o Jesus [Elias Tajra] e foi incrível e tocou bastante a todos nos. Estamos revivendo nosso passado. Isso é muito! E também estamos pensando em nosso futuro. Queremos mostrar para todos os descendentes de Elias e Amélia os valores que aprendemos e que tanto valorizamos. É muito bom ter sempre a família unida e se confraternizando”, explica o empresário José Elias Tajra, filho do casal.


O casamento dos primeiros Tajras do Piauí durou 61 anos. Como marca da família, constituída pelo sírio e a libanesa, a religiosidade. Vindos de uma terra tradicionalmente vinculada a religião muçulmana, eles se destacaram pela fé na religião católica. Outro valor que sobressaiu durante a criação de todos os filhos foi a educação. 


“Lembro com muito carinho dos meus avós. Tinha 13 anos quando o meu avô morreu. Foi chocante. Mas lembro-me deles com bastante carinho. O que ele mais queria é que nos fôssemos uma família unida. Meu avô também dava muita importância aos estudos. Lembro ainda que minha avó era muito rígida com a educação. Só assim para dar conta de educar 12 filhos [uma das filhas  faleceu aos 30 dias de vida]”, relembra a neta Josélia Tajra Evangelista. 


Elias João Tajra morreu no dia 14 de outubro de 1974, aos 86 anos de idade. Amélia Sady Tajra faleceu no dia 25 de janeiro de 1989, as vésperas de completar 97 anos de vida.


Vocação para o comércio
O ponto de partida da história da família com vocação para o comércio foram cinco contos de Réis. Os Tajras foram um dos primeiros a acreditarem no desenvolvimento de Teresina, e do Piauí, através desse setor da economia. No decorrer do anos foram montados pontos de vendas de tecidos, farmácias, comércio varejista em geral. A vocação foi adotada como herança pela família, tanto que o grupo Jelta, que envolve veículos de comunicação e concessionárias de vendas de veículos, nasceu dessa tradição, que vem de berço.


“Sempre tive uma convivência feliz com meus avós. E esse momento de união é muito importante. Mas também temos que lembrar o tino para os negócios do meu avô. Sem dúvida, ele ajudou a desenvolver Teresina. Ele começou sozinho, do nada. Esta família aqui contribuiu muito para o desenvolvimento da capital”, defende o neto do casal, Eldon Tajra Evangelista.


Valores que ficaram
Mateus Tajra faz parte da nova geração da família. Ele não conheceu os bisavós, mas afirma que as histórias contadas pelo pai e avô contribuíram para a formação do cidadão que o estudante é hoje. “Não convivi com eles, mas tenho muito orgulho de fazer parte desta família. Meus bisavós são pessoas para se inspirar”, confidenciou.


Exemplo
“Em uma época em que a família é tão desvalorizada é comovente ver o exemplo dos Tajra. Agradecemos a Deus pelo exemplo. Que a partir do amor de Elias e Amélia seja possível que a sociedade tenha mais foco na família, no trabalho e na fé sempre obedecendo dizeres divinos”, destaca monsenhor Amadeu Matias.


Depoimentos
“Lembro do meu avô com um sotaque árabe muito forte. Da minha vó posso dizer que era exemplo de carinho e dedicação à família. Ela sempre teve todos reunidos. Ela é a grande responsável desse conceito de família passar de geração em geração”, disse o empresário José Elias Sobrinho.


Toda a homenagem foi idealizada pelo filho Jesus Elias Tajra. Para ele, sobrou a missão de finalizar a celebração com fala que representou o sentimento pelos pais. A emoção tomou conta da Igreja Nossa Senhora das Dores. 


“Esta igreja está intimamente ligada a história da nossa família. Aqui, iniciamos a nossa fé trazidos pelas mãos da minha mãe. E essa fé persiste até hoje. Há 100 anos aqueles jovens se encontraram em Fortaleza e vieram morar em Teresina. Toda essa manifestação é para buscar perpetuar a memória de Elias e Amélia. Com isso, estamos passando essa responsabilidade para os descendentes. Meus pais estão em nossos corações e memórias para sempre”, explica o presidente do grupo Jelta.          


Lívio Galeno
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