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Elize Matsunaga será ouvida novamente hoje

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A bacharel em direito Elize Matsunaga deverá ser ouvida novamente na tarde desta terça-feira (25) pela Justiça de São Paulo sobre o assassinato do marido, o diretor executivo da Yoki Marcos Matsunaga. O juiz Adilson Paukoski Simoni quer que Elize dê mais detalhes de como matou o empresário, em maio de 2012.

Ela confessou ter baleado o marido na cabeça, após uma discussão, esquartejado o corpo e jogado as partes em diversos pontos da Grande São Paulo. Atualmente, Elize aguarda presa seu eventual julgamento, mas deverá comparecer ao interrogatório, marcado para as 13h30 no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste.

O magistrado quer saber, principalmente, qual foi o exato momento da morte do empresário: se após esse disparo ou durante o esquartejamento. Com essa resposta, Simoni irá determinar se Elize deve responder por homicídio simples, como quer sua defesa, ou homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima, além de ocultação de cadáver, como planeja a acusação. Nesse caso, a pena mínima, numa provável condenação, seria de 30 anos de reclusão em regime fechado.

Esse novo interrogatório foi marcado pelo juiz com o intuito de que a ré possa comentar o resultado do laudo da exumação do corpo de Marcos. O exame, divulgado com exclusividade pelo G1, em abril, é inconclusivo sobre o instante em que o executivo foi morto. A única certeza do documento é de que o disparo foi feito a uma distância de 40 centímetros. As dúvidas sobre o restante do seu teor levam a distintas interpretações.

Para o Ministério Público, por exemplo, o exame indica que Marcos foi morto com crueldade: ainda estaria vivo enquanto era esquartejado. Os defensores da ré dão outra versão sobre o documento: ele morreu logo após o disparo.

No entendimento da acusação, Elize premeditou o crime, queria o dinheiro do seguro de vida e da herança de Marcos, e atirou nele e o decapitou quando ele ainda estava vivo. A defesa discorda, alega que Elize só atirou porque foi agredida por Marcos quando descobriu que era traída pelo marido.

Somente após o interrogatório da ré e os debates entre acusação e defesa é que o juiz decidirá se a viúva será submetida a júri popular, e por qual crime. Essa decisão poderá ser conhecida nesta noite, caso os debates sejam orais, ou só daqui a dez dias, se uma das partes optar por redigir a sustentação. Depois disso, o magistrado marcará uma data para o julgamento.

Segundo o advogado Luciano Santoro, Elize responderá somente às perguntas do juiz. “Como da primeira vez, ela foi orientada a não responder os questionamentos do Ministério Público”, disse o defensor, se referindo ao interrogatório que sua cliente deu em 30 de janeiro deste ano.

Como o promotor José Carlos Cozenzo está em Brasília para tratar da campanha do MP contra a aprovação da PEC-37, o mais provável é que a promotora Mildred Gonzalez represente a Promotoria durante o interrogatório de Elize.


De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo, a imprensa não poderá acompanhar os trabalhos dentro do fórum. A ré deverá ser levada ao prédio por uma entrada lateral da qual os jornalistas não têm acesso.

Exumação

A exumação no corpo de Marcos foi realizada no dia 12 de março por determinação da Justiça, após pedido feito pela defesa de Elize para uma nova perícia no cadáver. Os advogados Luciano Santoro e Roselle Soglio haviam solicitado o novo exame para a Polícia Técnico-Científica determinar o momento exato da morte. Os denfensores contestavam o laudo anterior, do Instituto Médico-Legal (IML), que informava que Marcos ainda estava vivo quando foi decapitado.

Esse documento da exumação, no entanto, continua repleto de informações contraditórias, que deixam dúvidas quanto ao instante em que o empresário foi morto. Informou, por exemplo, que o executivo ficou inconsciente após o disparo, mas não determinou se ele estava vivo durante o esquartejamento.

O laudo da exumação tinha informado ainda que o avançado estado de putrefação do corpo comprometeu avaliações de quesitos que apontariam se ele apresentava reações vitais ao ser esquartejado. Apesar disso, exame microscópico realizado pelo Núcleo de Anatomia Patológica do IML, anexado ao mesmo laudo, não encontrou sinais vitais nas cinco amostras do cadáver analisadas.

Crime

Marcos Matsunaga foi morto e esquartejado no dia 19 de maio de 2012, aos 42 anos. Ele era sócio da empresa alimentícia Yoki. Elize, atualmente com 31 anos, está presa na penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. A filha do casal está sob a guarda dos avós paternos. Desde que foi presa a ré não pôde ver a criança.

De acordo com a bacharel, o esquartejamento ocorreu no quarto de hóspedes da cobertura do prédio onde o casal morava com a filha na capital paulista. Após cortar o corpo, os pedaços foram colocados em três malas, jogadas em Cotia, na Grande São Paulo. As partes foram encontradas sem as malas, embaladas em sacos plásticos.

Os defensores de Elize contestam o meio cruel. Alegam que sua cliente só esquartejou Marcos após matá-lo com um disparo. Eles defendem que esse tiro foi dado a esmo, depois de uma discussão em que a acusada teria sido agredida. Ela tinha descoberto fazia pouco tempo que Marcos a traía com uma garota de programa.

Elize também é acusada de ocultação de cadáver, por ter abandonado os membros, o tronco e a cabeça do marido em pontos diferentes da Estrada dos Pires, na Grande São Paulo. A Polícia Civil ainda investiga se ela teve a ajuda de outra pessoa para cometer o crime. Exame de DNA mostrou sangue de outro homem no quarto de Marcos.

Fonte: G1
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