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Seca tem forte impacto na inflação registrada por toda região Nordeste

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A face evidente da seca, o nordestino já conhece. Solos rachados e carcaças de animais são comuns nesse cenário e logo são ligados à falta de alimentos e dinheiro. No entanto, a maior seca da região em quase 50 anos está afetando não só a região do sertão, mas todo o Nordeste com uma elevação dos preços de alimentos não vista desde 2002.


Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos doze meses a inflação de alimentos medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 17,4% em três capitais pesquisadas na região, além de Belém, no Pará. No restante do país, o IPCA aponta uma alta de preços de 12,5%.

A pequena oferta de alimentos faz com que a inflação geral da região esteja com sua meta para lá de estourada. Enquanto o teto estabelecido pelo Banco Central é de 6,5% ao ano, o índice de preços da região está com alta de 7,8%. Já nas capitais restantes, é de 6,35%.

Os principais responsáveis pela discrepância são frutas, hortaliças e, principalmente, as farinhas. Todos os itens dependem do bom clima para que o abastecimento seja adequado e, após anos de estiagem, não há lavoura que tenha resistido. O alimento de maior consumo da região, a farinha de mandioca, subiu 152% como reflexo da baixa produtividade. Produtos granjeiros, como frango e ovos, também valorizaram mais do que no resto do país. Leites e derivados seguem a mesma linha.

Segundo Eulina Nunes, pesquisadora do IBGE, os hábitos de consumo da região, diferentes do restante do país, explicam a descolamento entre os indicadores. Segundo ela, itens como farinha de mandioca e açaí, base da alimentação do Nordeste e de Belém, são originários da própria região. Ou seja, se o clima prejudica a produção local, não há mais onde buscar aquele produto. Outros itens cuja produção caiu na região, como carnes e peixes, seguem a inflação do país.

"A seca é uma das explicações. Ela afeta sobremaneira a produção de pequenos agricultores e que é destinada para o consumo local. Além disso, o peso dos alimentos na inflação nordestina é maior do que no resto do país. Quando os alimentos sobem por lá, a inflação geral é mais alta também”, explica Nunes.

Por enquanto, nas capitais, o presidente do Conselho Regional de Economia de Fortaleza, Henrique Marinho, garante que não há descontentamento com os preços. Segundo ele, a população é mais ligada à quantidade de emprego e renda do que aos preços.

“A inflação corrói definitivamente a renda do trabalhador nordestino. Mas ele está preocupado com o salário no final do mês. Se ele possui dinheiro, dá-se um jeito. Os nordestinos já se acostumaram a mudar sua base alimentar por questões sazonais”, afirma.

As desonerações promovidas pela Presidente Dilma Rousseff ajudaram para que o preço dos alimentos em todo o país não sofressem uma pressão ainda maior. De acordo com Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings, o IPCA poderia ter alcançado em maio 7,3% se os impostos incidentes na cesta básica não fossem retirados. “Nos primeiros meses do ano, os alimentos subiram 75% a mais do que na média dos outros anos. Este processo permaneceria nos meses seguintes sem a desoneração”, explica.

Fonte: Último Segundo
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