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Lenda teresinense é inspiração para artista plástica de Minas Gerais

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A artista plástica mineira Alessandra Cunha expõe telas criadas a partir da lenda teresinense "Num se pode" na cidade de Uberlândia. Ao todo estão expostas nove telas que retratam a lenda.

A exposição intitulada “Vultos do não se pode” acontece na Galeria Ido Finotti, localizada avenida Anselmo Alves dos Santos, 600, Santa Mônica, Uberlândia, Minas Gerais. Está aberta para visitação de segunda a sexta-feira, das 11h30 às 17h30, e aos sábados, das 8h às 12h. A entrada é franca.


Segundo a artista plástica Alessandra Cunha, as figuras da exposição intitulada “Vultos do não se pode” trazem questionamento de mulheres que vivem sob opressão e buscam respostas na luz, a exemplo dos lampiões de Teresina, há 200 anos.

“A noite escura pode ter a luz da lamparina e o dia esconder os desejos contidos em uma mulher lotada de energia. A luz do poste da capital piauiense indicaria uma fuga de uma vida em que o ‘não se pode’ era o único momento de contato da mulher com o outro”, afirmou Alessandra Cunha.

Em 2011, depois de tomar conhecimento da história tipicamente teresinense a artista plástica graduada na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Alessandra Cunha resolveu passar a lenda para as telas. Nas nove pinturas da mostra “Vultos do não se pode”, que a artista expõe em Uberlândia até o dia 27 de setembro, os questionamentos vão além do conto piauiense. “O que não se pode? Dizer o nome? Conversar com estranhos? Acender o cigarro? Ouvi, em Teresina, muitos relatos de pessoas cujos parentes já viram a figura lendária que aparecia em um período machista da nossa sociedade. E se fosse eu, será que suportaria um ou vários ‘não se pode!’? E de que forma eu enlouqueceria?”, disse Alessandra Cunha.

A pintora trabalhou durante seis meses no ateliê localizado no bairro Custódio Pereira, na zona norte da cidade, para, segundo ela, contextualizar, em nove telas, o questionamento de um espírito surgido há cerca de 200 anos. “Quero repensar de forma contemporânea as repressões impregnadas em nossa essência. O que uma mulher com idade entre 30 e 40 anos não pode fazer durante toda a vida?”, afirmou a artista.

A lenda

Na primeira metade do século 19, uma mulher costumava aparecer na praça Saraiva, em Teresina (PI), sempre tarde da noite, em busca de uma companhia masculina que lhe oferece um cigarro. Seduzidos pela beleza da pedinte, os homens se aproximavam e atendiam ao pedido da jovem. De sedutora, a mulher passava a assustadora, pois começava a crescer em tamanho, até atingir o lampião de gás, com o intuito de acender o cigarro. Enquanto crescia, a jovem repetia uma mesma frase, todas as noites: “num se pode, num se pode, num se pode”.

Ilustração Di Holanda

Fonte: Correio de Uberlândia
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