Ele já virou atração nas manifestações cariocas e até perdeu as contas de em quantas já esteve. Morador de Marechal Hermes, no Subúrbio do Rio, Eron Moraes, de 32 anos, o "Batman" dos protestos, assume que a fama do super-herói está rendendo a ele boas e bem-humoradas cantadas.

“O pessoal leva muito na brincadeira. Dizem ‘me leva pra Batcaverna, me deixa ser sua Mulher Gato.’ Essas brincadeiras são naturais, mas nada maliciosas. É o humor brasileiro. Às vezes também sou chamado para participar de festas. Uma coisa a mais é sempre bem-vinda. As portas vão se abrindo”, disse.

A ideia do protético é combater a corrupção na Gotham City carioca. Por isso, ele garante que não pretende se candidatar em futuras eleições. Segundo Eron, todo mundo que entra para política acaba se corrompendo de alguma forma.

“Quando eu coloquei a fantasia do Batman era para inspirar pessoas, porque ele é um símbolo de Justiça. Não quero colocar o Batman na política. Na política as pessoas começam a se comprometer com coisas que não deveriam se comprometer. O Batman luta pelas causas do povo. Não tenho compromisso com partidos, com ninguém. Quero pressionar os governantes e quero mudar o sistema de fora para dentro. O Batman não é para política”, afirmou Eron.

Além de muitas roupas do Batman, o guarda-roupa de Eron tem figurinos de outros super-heróis, como o Wolverine de X-Men, por exemplo, já que ele era cosplay (fãs que se vestem de personagens) nas horas vagas. As fantasias são fabricadas por ele em sua oficina de próteses dentárias, no segundo andar da própria casa.

Em uma manifestação no Centro no fim de setembro, Eron foi detido ao se recusar a tirar a máscara. Ele foi colocado em um camburão da polícia militar e encaminhado para a 17ª DP (São Cristóvão). No dia 11 de setembro, o governador Sérgio Cabral sancionou o projeto de lei 2.405/13, aprovado pela Assembleia Legislativa do do Rio (Alerj), que proíbe o uso de máscaras em manifestações no estado.

Já são tantas manifestações no currículo do ‘Batman’ que ele já nem sabe ao certo em quais ele foi. Sobre as adesões de outros personagens folclóricos e super-heróis, ele garante que foi tudo espontâneo e não mantém contato com os outros personagens.

“Confesso que perdi a conta depois que passei da décima. Fiquei conhecido aqui em Marechal Hermes depois que teve essa repercussão. Já saí no jornal de cara limpa. As pessoas me chamam de Batman, não me chamam de Eron. Está na chuva é pra se molhar, o pessoal aprovou a ideia”, concluiu.