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Caso Joaquim pode ser reconstituido hoje

Às vésperas da reconstituição do desaparecimento do menino Joaquim Ponte Marques, Dimas Longo e Augusta Raymo Longo, pais do padrasto do garoto - considerado pela polícia como principal suspeito da morte da criança - voltaram à casa onde a família morava, na noite desta quarta-feira (20), em Ribeirão Preto (SP), para recolher peças de roupa e objetos pessoais. Vizinhos acompanharam a movimentação.

Foto: César Tadeu/EPTV
A mãe do padrasto de Joaquim, Augusta Raymo Longo, recolheu objetos dentro da casa onde o menino morada na noite de ontem

Apesar de não confirmar a data e o horário da reconstituição para evitar a aglomeração de populares e curiosos no local, o delegado Paulo Henrique Martins de Castro, responsável pelo caso, não descarta que ela seja realizada ainda nesta quinta-feira (21). Castro afirma que o recurso é imprescindível para conclusão do inquérito. “Temos que esgotar todas as possibilidades.”

O delegado diz que a realização da reconstituição ainda depende de um esquema reforçado de segurança nas proximidades da casa onde Joaquim morava com a mãe, a psicóloga Natália Ponte, e o padrasto, o técnico em TI Guilherme Longo. "Não sei quantos policiais serão deslocados, mas será um grande contingente”, afirmou Castro nesta quarta-feira. O casal está preso há 21 dias e alega inocência.

Foto: Maurício Glauco/EPTV
Delegado Paulo Henrique Martins de Castro diz que reconstituição depende de esquema de segurança

A ida dos pais do padrasto à casa, no entanto, não deve atrapalhar o trabalho da Polícia Civil, já que os objetos necessários à investigação, como computadores e peças de roupa de Joaquim, foram apreendidos e retirados do local no dia 12 de novembro. O imóvel pertence ao pai de Guilherme, Dimas Longo.

Nesta quarta-feira, durante cerca de 15 minutos, Dimas e a mulher, Augusta Raymo Longo, estiveram na residência e saíram com objetos amarrados em dois lençóis. O casal mora a poucos quarteirões dali, no bairro Jardim Independência.

A última vez que Dimas e Augusta estiveram na casa foi na última terça-feira (19), durante a instalação de cercas de arame com farpas nos muros e sobre o portão. A medida foi tomada porque pessoas estariam invadido o local. Desde que o corpo de Joaquim foi encontrado, no dia 10 de novembro, a casa em que o garoto morava tornou-se ponto de peregrinação: flores, ursos de pelúcia, brinquedos e cartazes com homenagens e mensagens de protesto são deixados em frente ao imóvel por moradores.

Foto: César Tadeu/EPTV
Os pais de Guilherme Longo, padrasto de Joaquim, também instalaram cercas de arame ao redor da casa 

Reconstituição

Durante a reconstituição, a polícia deve refazer os passos do padrasto do menino na madrugada em que Joaquim desapareceu. Em depoimento, Guilherme Longo afirmou que saiu da casa para comprar drogas, não teria encontrado o que procurava e retornou cerca de 40 minutos depois. Ele teria trancado o portão, mas apenas encostado a porta para não acordar a mulher, Natália Ponte.

A polícia também quer saber se, do quarto onde Natália dormia, nos fundos do imóvel, era possível ouvir barulho do menino sendo retirado do outro quarto. Outro momento a ser reconstituído é aquele em que a mãe o padrasto descobrem que o garoto não estava mais dentro de casa. Em depoimento, Longo afirmou que o casal notou a ausência de Joaquim por volta de 7h30, quando foram aplicar insulina no menino, que sofria de diabetes.

Castro já havia afirmado que Natália e Longo devem participar da reconstituição separadamente. Os dois devem ser intimados, mas não têm obrigação de participar, caso os advogados de defesa julguem que isso possa incriminá-los.

Natália e Longo estão presos temporariamente desde que o corpo de Joaquim foi encontrado no Rio Pardo, em Barretos (SP), na tarde de 10 de novembro. O casal já prestou depoimento diversas vezes na Delegacia de Investigações Gerais de Ribeirão Preto (SP) e, segundo Castro, ainda devem ser ouvidos novamente até o fim da semana.


O caso


Joaquim desapareceu de dentro de casa, em Ribeirão Preto (SP), na madrugada de 5 de novembro. O corpo foi encontrado cinco dias depois, boiando no Rio Pardo. Ele foi enterrado na segunda-feira (11), em São Joaquim da Barra (SP), cidade natal da mãe.

A mãe e o padrasto estão presos temporariamente, considerados suspeitos de envolvimento no sumiço e na morte da criança. A Justiça decretou a prisão temporária do casal por 30 dias. Nesta segunda-feira (18), a Justiça também negou o pedido de revogação da prisão de Longo, que deve pedir habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo.

O promotor que acompanha o caso, Marcus Túlio Nicolino, afirmou que a polícia e o Ministério Público continuam trabalhando com ‘a linha de que o assassino estava dentro da casa’.

A polícia suspeita que Joaquim, que era diabético, tenha recebido uma alta dosagem de insulina, e que teria o levado à morte. Segundo o Instituto Médico Legal (IML), não é possível determinar a causa da morte da criança. As únicas lesões encontradas no corpo do menino foram na pele, em razão dos dias em que foi arrastado pelo rio. De acordo com o laudo, não foi encontrada água nos pulmões de Joaquim, o que indica que não houve afogamento.

O delegado aguarda o resultado dos testes toxicológicos feitos nos órgãos da criança e que devem ficar prontos em 20 dias. Para especialistas, a morte causada por excesso de insulina pode não ser detectada nos exames, já que o hormônio é rapidamente processado pelo organismo.

Segundo a polícia, nos depoimentos prestados até agora o casal apresenta contradições. Natália descreve um perfil agressivo do marido e diz que ele sentia ciúmes dela e do enteado. Ela conta que já foi ameaçada de morte por Longo e que ele castigava Joaquim. Sobre a relação do casal, Natália afirma que desde janeiro os dois começaram a se desentender.

No entanto, Longo nega as agressões e ameaças, e diz que não é uma pessoa ciumenta. Ele afirma que tinha um bom relacionamento com Joaquim e que era muito carinhoso com o menino. Segundo ele, o relacionamento com Natália começou a ter um desgaste em setembro deste ano, quando ela descobriu que ele havia voltado a usar cocaína.


Fonte: G1
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