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MP denuncia acusado de furar olhos de ex

O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) denunciou por tentativa de homicídio triplamente qualificado Wilson Bicudo, acusado de torturar e perfurar os olhos da ex-mulher, a operadora de caixa Mara Rúbia Guimarães, 27 anos. O documento foi protocolado na quinta-feira (21) no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) pelo promotor Paulo Pereira dos Santos.


Na denúncia, o promotor entendeu que houve tentativa de homicídio por motivo torpe, com emprego de tortura ou meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Mara Rúbia foi agredida pelo ex-marido no dia 29 de agosto deste ano, logo após chegar em casa para o almoço. Segundo a denúncia, a vítima relatou que foi surpreendida por Bicudo já no interior da residência, quando foi torturada e imobilizada. Em seguida, teve os dois olhos perfurados com uma faca. 

Ainda segundo o parecer do promotor, Mara Rúbia desmaiou após as agressões e Bicudo acreditou que ela estava morta. Para garantir que ela não pedisse socorro, caso não tivesse morrido, ele trancou o portão da casa, levou as chaves e o celular da vítima.

O agressor fugiu em seguida e a operadora de caixa foi socorrida por vizinhos. De acordo com o inquérito, Bicudo chegou a usar o celular da ex-companheira para avisar à família e amigos que havia matado a vítima. Após 21 dias foragido, Bicudo se entregou à Polícia Civil.

Impasse jurídico

A decisão sobre o crime pelo qual o agressor iria responder foi definido na última quarta-feira (20) pelo procurador-geral de Justiça de Goiás, Lauro Machado Nogueira, após um impasse jurídico que paralisou o processo.  Ele seguiu o parecer de sua assessoria e entendeu que houve uma tentativa de homicídio e não apenas uma lesão corporal, crime que prevê uma pena mais branda.

O inquérito foi concluído em outubro deste ano e indiciou o agressor por tentativa de homicídio triplamente qualificada. Mas o promotor de Justiça João Teles Neto discordou do relatório policial. Para ele, o crime não foi uma tentativa de homicídio, mas sim um caso de lesão corporal grave. Com a decisão, iniciou uma discussão sobre qual crime o acusado responderia.

Com a mudança na tipificação do crime, o processo seguiu para uma nova vara. Por isso, o juiz Jesseir Coelho, que tinha decretado a prisão do suspeito, teve de revogar o pedido no último dia 13, mesmo não concordando com o posicionamento do promotor. O juiz, então, devolveu o caso para a Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) para manifestação.  No mesmo dia, a Justiça acatou um novo pedido do MP-GO e decretou uma nova prisão preventiva para o acusado, que não chegou a ser solto.

O processo foi, então, encaminhado ao Juizado da Violência Doméstica Familiar contra a Mulher, que discordou mais uma vez da tese de lesão corporal e entendeu que o caso se trata de uma tentativa de homicídio. Com isso, Lauro Machado seguiu a mesma decisão e destacou que ficou evidente nos depoimentos que Bicudo tinha a pretensão de matar a vítima.

Medo

Ao saber sobre a possibilidade de libertação do agressor, Mara Rúbia chegou a passar mal e foi levada para um local desconhecido, como medida de segurança. Em entrevista à TV Anhanguera por telefone, ela disse que quer ele responda por tentativa de homicídio: "Que ele pague pelo fez".

"Peço, imploro, é o meu direito. Que a Justiça seja feita. O que acontece com essas outras mulheres que [o agressor] vai preso, abaixa a poeira, ele volta e mata, é o que vai acontecer comigo. Eu não quero isso", diz a operadora de caixa, que perdeu boa parte da visão dos dois olhos após ser torturada pelo ex-companheiro.

Recuperação

Desde a agressão, Mara Rúbia já passou por uma operação no olho esquerdo e duas no olho direito. Em seis meses, deverá passar por uma nova cirurgia. O médico Eduardo Eustáquio explica que as cirurgias são feitas por etapa por causa da gravidade das lesões, mas é positivo com a recuperação da paciente. "A chance dela ter uma recuperação visual é muito boa", afirmou na época da terceira cirurgia.

Segundo familiares, o casal se separou há dois anos. Desde então, a mulher, que morava em Corumbá de Goiás, se mudou para Goiânia. Esta não foi a primeira vez que o homem agrediu a ex-mulher, pois não aceitava o fim do relacionamento. Ela informou que procurou a polícia por quatro vezes para denunciar o agressor, mas que não obteve ajuda.

Fonte: G1
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