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Pipoqueiro sai da informalidade e vira o "Rei da Pipoca" de Teresina

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O pipoqueiro João Miguel Lima, de 57 anos, tem motivos de sobra para comemorar o fim do ano 2013 como o "Rei da Pipoca" de Teresina. Depois de se formalizar, agora ele é dono de sua própria empresa e passou a ser conhecido em toda a região. Ao passar de trabalhador informal a empresário de sucesso, sua história começa a servir de exemplo para vários outros trabalhadores, que com a criação da lei complementar nº 128, de 19/12/2008, puderam se legalizar como microempreendedores individuais e mudar de vida.

Fotos: Rayldo Pereira/ Cidadeverde.com
João da Pipoca, que mudou sua vida após a formalização

João, que começou a trabalhar há 23 anos com uma pipoqueira dada pelo irmão, hoje constrói suas próprias pipoqueiras e já emprega outra pessoa no negócio que sustenta seus seis filhos e cinco netos. 

"Construí minha casa com a pipoca e sustento todos os meus filhos e netos com o dinheiro que tiro dela. Demorei para me formalizar, mas hoje eu vejo que isso mudou minha vida", disse o pipoqueiro.

Foto: Rayldo Pereira / Cidadeverde.com
O trabalhador hoje produz suas próprias pipoqueiras

O microempresário hoje comemora os frutos que conquistou com o trabalho, sem esquecer os momentos de tristeza e dificuldade que passou. “Já tive que tirar um relógio do braço e vender para comprar material para fazer minha pipoca. Agora veja, não preciso mais passar por isso”, se alegra o pipoqueiro, mostrando o seu relógio novo.

Na parede de sua casa, João exibe com orgulho sua foto com Valdir, famoso pipoqueiro de Santa Catarina que conquistou o sucesso após sua formalização e hoje dá palestras em todo o Brasil contando sua história de vitórias. "Quando o conheci, ele me falou que eu seria o segundo maior pipoqueiro do Brasil, e eu vou seguindo o exemplo dele, meu sonho é fazer como ele e palestrar pelo Brasil inteiro", contou.

Foto: Rayldo Pereira/ Cidadeverde.com
O pipoqueiro exibe com orgulho sua foto com o pipoqueiro Valdir de Santa Catarina

Assim como João, outros milhares de trabalhadores do Piauí já despertaram para a necessidade e os benefícios da formalização e se tornaram MEI (Microempreendedor individual). Esta formalização traz para eles, todas as garantias que possui qualquer outro pequeno empresário. O MEI fica isento de tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL) e se torna um contribuinte da Previdência Social, com acesso a benefícios como auxílio maternidade, auxílio doença, aposentadoria, entre outros. 

Como formalizar

Uma das portas de entrada para a formalização é o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Ao procurar o órgão o trabalhador recebe toda a orientação, atendimento e até capacitações para garantir o sucesso do seu micronegócio. "Nós incentivamos a todos. A gente acompanha, observa e ensina esses trabalhadores a evoluírem seus negócios. A mudança de vida é visível. Eles se sentem valorizados. A cabeleireira, o artesão e o pedreiro, por exemplo, agora tem o reconhecimento da sociedade e isso é algo fantástico", comemora a analista do Sebrae, Valcledes Moura, que trabalha na unidade de atendimento individual e mercado. 

Outro exemplo de sucesso no empreendedorismo é o de Gumercindo Gomes de Araújo Neto, conhecido por todos como Tio Gegean. De animador de festas a dono de bloco em micareta, o microempreendedor passou por vários ramos do mercado e hoje é dono de uma empresa de panfletagem que dá oportunidade de trabalho a mais de 60 pessoas.

Foto: Evelin Santos/ Cidadeverde.com
Gegean e os funcionários de sua empresa de panfletagem

“Eu já tinha montado vários negócios e uma coisa vai servindo de aprendizado para outra. Juntei tudo o que já sabia sobre o mercado e procurei me formalizar. Quando estamos na informalidade não temos noção do que podemos adquirir quando passamos para a formalização. Você só ganha, não perde. Muda tudo e você tem direito a tudo que uma empresa pode ter”, comenta Gegean.

Foto: Evelin Santos/ Cidadeverde.com
O empresário orienta e incentiva todos os dias os trabalhadores

O empresário também relembra em sua trajetória de vida momentos de dificuldades que passou na adolescência, e de como a iniciativa de empreender lhe deu oportunidade de realizar antigos desejos. “Uma vez eu pedi um picolé para uns colegas de escola e eles cuspiram para não me dar. A lembrança mais marcante que tenho desde que me tornei empresário foi do dia em que fui até o estádio Albertão e comprei uma caixa de picolés. Aquilo para os outros não representou nada, mas para mim foi a concretização da minha mudança de vida”, contou Gegean.

Foto: Evelin Santos/ Cidadeverde.com
Gegean hoje comemora a realização de sonhos conquistados com a formalização

MEI no Piauí

Segundo dados da Junta Comercial do Estado do Piauí, só em 2013 foram registrados 9.047 microempreendedores individuais, o que representa quase o triplo do número de novas empresas, que foi de 3.702 registradas ao longo deste ano.

O número chama a atenção do presidente da Jucepi, José Eduardo Pereira Filho, que acredita que estes trabalhadores movimentam a riqueza do Estado com a geração de empregos. "Este empreendedor não representa só um aspecto positivo para o crescimento das empresas, já que na maioria das vezes eles são os fornecedores, o MEI está diretamente ligado com a formação de empregos, pois após se formalizarem eles já podem contratar. Isso significa a abertura de novas vagas para o mercado. Eles fazem girar a riqueza”, pontuou o presidente.

Foto: Raoni Barbosa / Revista Cidade Verde
Presidente da Junta Comercial do Estado do Piauí, José Eduardo Pereira Filho

O Piauí é um dos estados brasileiros que mais tem investido no incentivo ao empreendedorismo. A secretária estadual de Trabalho e Empreendedorismo (Setre), Larissa Maia, ressalta que o país atravessa um novo momento econômico e fala da importância do incentivo aos trabalhadores informais. “Eu acredito no empreendedorismo como alternativa de carreira. Ao estimular as pessoas a gerar renda a partir do seu próprio trabalho você provoca uma transformação real na vida de todos e na economia”, completou a secretária. 

O Estado é pioneiro no desenvolvimento de uma agência de fomento às novas iniciativas empreendedoras. O projeto da Agência de Empreendedorismo (AgE) foi um dos cases apresentados no Fórum Nacional de Secretários de Estado e Trabalho e foi premiado como um dos melhores projetos do ano de livre iniciativa e fomento a cultura e empreendedora.

Foto: Raoni Barbosa / Revista Cidade Verde
Secretária Estadual de Trabalho e Empreendedorismo, Larissa Maia

"Na agência eles tem acesso a uma biblioteca pública voltada para o setor de empreendedorismo. Além do acesso a informação, a pessoa tem a consultaria – “Legalizar para Crescer” - e caso haja necessidade, encaminhamos para o crédito orientado. Hoje temos várias linhas de crédito. Não adianta dizer que está faltando dinheiro. Existe dinheiro para o empreendedor individual e linhas de crédito favoráveis para a alavancada inicial sim!”, informou a secretária.

Os exemplos de sucesso do MEI se revertem em números para a economia do Piauí. De acordo com dados do Governo Federal, disponíveis nas estatísticas do Portal do Empreendedor, já existem 31.621 microempreendedores individuais registrados no Estado o que representa mais de 60% das empresas abertas no Piauí, segundo dados da Junta Comercial.

Foto: Divulgação
Capacitação na central da AgE (Agência de Empreendedorismo)

Segundo o presidente da Jucepi, por ser a capital e um dos polos de maior concentração de pessoas, Teresina ocupa a primeira posição no ranking do empreendedorismo, mas a tendência é a descentralização e expansão das iniciativas também no interior. “Temos uma grande expectativa para Uruçuí, Bom Jesus, Ribeiro Gonçalves e as cidades que são da região dos cerrados. Quando uma grande empresa abre, ao seu redor nascem outras para dar suporte, dentre estas, cresce o microempreendedor individual”, pontuou.

Rayldo Pereira
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