Em um ano marcado pelo Fla-Flu das manifestações, o aparecimento dos black blocs versão tupiniquim e a visita do papa Francisco, o título de máscara de carnaval mais vendida ficou com... Nelson Mandela. A pouco mais de um mês do Carnaval, a colocação não é absoluta e o posto ainda pode mudar, mas por enquanto ninguém bate o líder sul-africano, que morreu em dezembro. 

Dona de uma fábrica de máscaras em São Gonçalo, Olga Valles diz que já produziu cerca de 1,5 mil máscaras reproduzindo os cabelos grisalhos e o sorriso que eternizaram Madiba, como Mandela era conhecido. Ela lembra, no entanto, que ao contrário do ano passado, em que o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), fez a cabeça de foliões por todo o País e disparou nas vendas, esse ano a produção está mais diversa. 

“Não tem uma máscara que se destaque. Tem muito Dirceu, Genoíno, alguma coisa do papa”, explica Olga, que produz, em média, 20 mil máscaras por dia. “Acho que ano que vem, com as eleições, os políticos vão voltar com mais força”, prevê. 

Entre as novidades deste verão destacam-se ainda o governador de Pernambuco e pré-candidato a presidência pelo PSB, Eduardo Campos, e o papa Francisco, que entrou na lista depois de ganhar a simpatia da população carioca em sua visita ao Rio em julho.

A fábrica também vinha recebendo muitos pedidos de máscaras estilo “anonymous”, que fazem alusão à criação do desenhista David Lloyd, coautor da história em quadrinhos V de Vingança, de 1982, mas Olga teve que abandonar a produção depois de receber uma ameaça de processo de uma fábrica chinesa, que tem os direitos sobre a peça.

A máscara representa o inglês Guy Fawkes, morto no século XVII, preso e morto após conspirar para explodir o parlamento inglês, e foi muito usada por manifestantes desde a eclosão dos protestos pelo País em junho.