Cidadeverde.com

COB lança campanha para ajudar ex-ginasta Laís Souza

Imprimir
Lançada no último sábado sob coordenação do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e endossada por grandes personalidades e atletas brasileiros, a campanha para ajudar a ginasta Laís Souza dividiu opiniões entre o público. A atleta, que sofreu trauma na coluna durante treinamento de esqui aerials nos Estados Unidos, está arrecadando dinheiro com uma ação em grande medida misteriosa, mas que tem o objetivo de prepará-la para uma vida pós-trauma.

 Foto: Jackson Memorial Hospital / Divulgação
Laís Souza está em recuperação no Jackson Memorial Hospital

A confusão em relação ao assunto se deve à falta de informações sobre a campanha. Pela página oficial, sabe-se que Laís precisa de dinheiro para um tablet e uma cadeira de rodas. Sabe-se também que doadores anônimos já contribuíram com R$ 75 mil. Pelas reações nas redes sociais, sobraram críticas ao COB por organizar a arrecadação para bancar o tratamento da jogadora, o que não é exatamente o caso.


​A entidade máxima do esporte olímpico é responsável pelo tratamento de Laís Souza, que segue internada na Unidade de Reabilitação de Lesões Medulares do Jackson Memorial Hospital, da Universidade de Miami, nos Estados Unidos. Isso apesar de ela não ter se acidentado durante uma classificatória para os Jogos Olímpicos de Inverno ou mesmo ou período de delegação. A atleta se lesionou em 28 de janeiro, durante treino da Confederação Brasileira de Desportos de Neve (CBDN).

O tratamento, então, é bancado a partir das apólices de seguro saúde feitas pelo COB e pela CBDN e, pelo menos neste momento, continuará sob responsabilidade das entidades. O dinheiro da campanha tem outros objetivos: garantir equipamentos que gerem independência, mobilidade e conforto para Laís. A cadeira de rodas e o tablet (auxilia comunicação), por exemplo, já estão garantidos pelas primeiras doações. A médio e longo prazo, o objetivo é prepará-la para uma vida pós-trauma.

Os planos vão desde as ações mais imediatas – contratar um professor de inglês para Laís – até a necessidade de adaptar sua casa, a possibilidade de conseguir uma bolsa de estudos em alguma universidade brasileira, um coaching para prepará-la para dar palestras sobre suas experiências e até a criação de um Instituto ou Fundação. O COB não se posiciona sobre as perspectivas da atleta. Médicos consultados pelo Terra na ocasião do acidente, no entanto, indicaram que é improvável que se recupere totalmente.

Se tudo der certo, Laís Souza será capaz de se autofinanciar independentemente de quão severas sejam as sequelas da lesão na coluna. Para isso, não há valor máximo esperado para arrecadar, e o tempo que a campanha vai durar dependerá do avanço do tratamento. E tudo estará nas mãos dos familiares da ginasta, já que a conta corrente oferecida para as doações pertence à própria Laís, sendo que o COB não terá qualquer ingerência sobre o valor alcançado.

Por enquanto, Laís Souza faz sessões de fisioterapia motora, ocupacional, respiratória e acompanhamento de psicologia, além de adaptação à cadeira de rodas elétrica. Ela deixou a Unidade de Tratamento Intensivo em 20 de fevereiro e tem animado os médicos com sua força psicológica. Respira sem ajuda de aparelhos, mas não consegue movimentar braços e as pernas. Em seu último boletim médico, passou confiança: “estou me sentindo melhor e preparada para encarar o que vem pela frente”.

Após a publicação da reportagem, o COB lançou nota oficial se defendendo na polêmica envolvendo o tratamento da atleta. Confira abaixo.

Diante de algumas dúvidas que surgiram em relação à campanha em prol de Lais Souza, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) vem a público esclarecer alguns pontos:

1 - Na data do acidente, a Lais não participava de nenhuma delegação do COB ou de qualquer prova eliminatória ou classificatória para os Jogos Olímpicos. Mesmo assim, o COB assumiu todas as ações desde o momento do acidente da Lais. As despesas estão sendo bancadas pelo COB, com as apólices de seguro saúde financiadas pelo COB e pela CBDN (Confederação Brasileira de Desportos na Neve).

2 - Até este momento Lais Souza está coberta pelo seguro contratados pelo COB e a CBDN, que estabelece contratualmente as coberturas proporcionadas. A apólice de seguro do COB e da CBDN garante toda a emergência, o transporte entre os hospitais e o tratamento hospitalar da Laís.

3 - O seguro de vida ou invalidez contratado pelo COB cobre apenas os atletas em Missões como os Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno, os Jogos Olímpicos da Juventude, os Jogos Pan-americanos e os Jogos Sul-americanos. No momento do acidente, Lais não participava de nenhuma delegação do COB ou eliminatória ou classificatória para os Jogos Olímpicos. Mesmo assim, o COB assumiu todas as ações desde o momento do acidente da Lais. 

4 - A campanha foi criada pensando no futuro da Lais Souza, de forma a ajudá-la a se autofinanciar. Inclui, desde contratar um professor de inglês para ela ainda em Miami, como custear parte de uma bolsa de estudo em uma Universidade no Brasil, conseguir um coaching para prepará-la para dar palestras sobre suas experiências, até criar uma Fundação ou Instituto para a Lais.  Da mesma forma, a campanha visa a compra de equipamentos para a mobilidade e o conforto da Lais, itens não previstos na cobertura dos seguros contratados pelo COB.

5 – Dentre os itens necessários para a mobilidade da Lais destacamos equipamentos que gerem independência e conforto para Lais, como uma cadeira de rodas elétrica especial e um aparelho de comunicação sem digitação. Um doador já garantiu os recursos para a compra desses dois equipamentos. O próximo objetivo é a adaptação da casa e do carro da ex-ginasta para atender às suas atuais necessidades, o que também envolve itens não previstos na cobertura dos seguros contratados pelo COB.

6 – Todos os recursos que forem captados pela campanha serão depositados na conta corrente bancária da própria Lais, a ser gerenciada por ela própria ou pela sua família. O COB não tem nenhum acesso à essa conta.

7 - Lais segue uma rotina diária de sessões de fisioterapia motora,  ocupacional, respiratória e acompanhamento psicológico, além de adaptação à cadeira de rodas elétrica. Não há previsão de sua volta ao Brasil.

8 – Por fim, o tratamento da Lais continua e segue a esperança de vê-la nas melhores condições possíveis. Porém, o COB está pensando no futuro da atleta. O objetivo é garantir a continuidade e a qualidade de seu processo de recuperação, para que ela possa ter independência financeira no futuro, com conforto e mobilidade.


Fonte: Terra
Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais