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Impostos e capital são os principais entraves do empreendedor no país

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Ninguém pelo mundo, em sã consciência, crê em facilidades no instante em que se define por abrir, consolidar e começar a ganhar dinheiro com uma empresa. Mas quando se fala de mercado brasileiro, pelo menos três fatores externos são apontados como fundamentais para o sucesso ou o fracasso da jornada: alta carga tributária, acesso restrito aos recursos financeiros e um ritmo deficitário de formação de mão de obra.


Essa, pelo menos, é a conclusão de um estudo inédito realizado pela Endeavor Brasil, em parceria com o Sebrae-SP. As duas instituições dedicadas ao fomento do empreendedorismo ouviram, entre novembro e dezembro de 2013, 1.282 pequenos empresários estabelecidos na cidade de São Paulo.

Quase três em cada dez entrevistados, exatos 28% dos empresários, relatam o volume de impostos e a complexidade contábil como sendo o maior obstáculo ao sucesso no Brasil. A captação de dinheiro é a segunda queixa mais recorrente, sendo que 24% deles reclamam da dificuldade em obter investimentos ou financiamentos e 15% relatam as aflições para garantir o fluxo de caixa ou o capital de giro. A falta de profissionais capacitados aparece em quarto lugar.

Para quem está habituado com o universo dos pequenos empreendimentos, esses resultados não chegam a surpreender. Contudo, para o diretor geral da Endeavor, Juliano Seabra, um ponto chama a atenção. A burocracia para abrir e fechar uma empresa, geralmente evocada como empecilho ao empreendedorismo nacional, não teve destaque no estudo, surgindo em apenas 3% das queixas. “Não estou dizendo que isso não é um problema, mas o empreendedor está apontando outros pontos que estão atrapalhando um pouco mais. Derrubar esse mito é relevante já que, no fundo, toda ação pública acaba sendo pautada por isso”, diz.

De volta ao universo das campeãs em críticas, o fundador da Agência B2, Ricardo Buckup, é um exemplo de como a questão tributária impacta em um pequeno e médio negócio. Especializado em promoções e eventos, ele geralmente recorre a fornecedores para conseguir dar conta de todo o trabalho encomendado. O problema é que, em alguns casos, tanto ele quanto os parceiros pagam os mesmos impostos sobre um mesmo serviço, um problema chamado de bitributação e que, no caso do empresário, chega a comer até 25% de seu orçamento para o projeto.

A solução de Buckup foi contratar especialistas e desenhar uma estratégia, espécie de contabilidade criativa. Mas o expediente, apesar de respaldado juridicamente, ainda enfrenta resistência de determinados clientes. “Sou bastante otimista. Acredito que vamos caminhando a passos lentos para uma reforma da questão tributária, mas não sei quando isso vai acontecer”, afirma Buckup

Já o italiano Eduardo Tonolli, dono de oito gelaterias em São Paulo, apontou a falta de mão de obra para manter a operação, que em seu caso mira os consumidores das classes A e B. Ele também se diz insatisfeito com a burocracia brasileira de forma geral desde que abriu a primeira unidade de sua Bacio di Latte há três anos. “Uma coisa que demora apenas um dia na Europa, aqui no Brasil pode demorar semanas”, afirma.

Fonte: Estadão
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